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Keiko Fujimori e Pedro Pablo Kuzcynski disputam presidência do Peru

A nova composição do Congresso preocupa opositores, que temem falta de espaço

postado em 12/04/2016 06:00


Os dois principais candidatos à Presidência do Peru, Keiko Fujimori e Pedro Pablo Kuzcynski, se preparam para se enfrentar no segundo turno das eleições em meio a uma guinada à direita no cenário político. Apesar de Keiko, filha do ex-presidente Alberto Fujimori, ter saído na frente na primeira etapa da disputa ; com 39% dos votos contra 22% para o concorrente ;, ela terá de superar a herança negativa de seu sobrenome para chegar ao comando da Casa de Pizarro. Mesmo que a candidata seja derrotada na disputa de 5 de junho, o partido de Keiko, o Fuerza Popular (FP), conseguiu ampliar significativamente a presença no Congresso, saltando de 34 cadeiras para 65.

Antes mesmo do fim da apuração do primeiro turno ; 82,6% das urnas haviam sido apuradas até o fechamento desta edição ;, lideranças partidárias e analistas políticos do país começaram a avaliar as estratégias dos dois candidatos diante da corrida presidencial e da nova composição do Congresso. Embora os partidos FP e o Peruanos por el Kambio (PPK), liderado por Kuzcynski, sejam os antagonistas na briga pela sucessão de Ollanta Humala, os dois seguem linhas políticas de direita e centro-direita, respectivamente. As legendas foram as que obtiveram a maior parcela de votos para o Legislativo, garantindo a força da direita no parlamento.

Com projeções de que o FP ocupe 65 vagas e de que o PPK ocupe 28, a maioria dos 130 assentos na casa deve ficar sob o controle dos conservadores. O cenário é criticado por opositores, que compararam a composição do Congresso ao início dos anos da ditadura de Fujimori (1990-2000). O deputado Víctor Andrés García Belaunde, do partido Acción Popular, considerou à imprensa peruana que composição é ;preocupante;. ;Espero que não se repita o ocorrido entre os anos de 1993 e 1995, quando a maioria era tão ampla que não havia espaço para outros grupos;, lembrou.

Alianças
Em paralelo à distribuição das vagas no parlamento, o apoio das legendas que ficaram de fora do segundo presidencial deve ser definido nos próximos dias. Com a expectativa de superar o segundo lugar obtido no primeiro turno, Kuzcynski afirmou ontem que o seu partido inicia uma nova campanha. ;Temos que colocar bem os pés no estribo para assegurar que vamos ter uma campanha correta;, ponderou.

Para Luis Benavente, diretor do instituto de pesquisas Vox Populi no Peru, Kuzcynski deve receber muitos votos ;antifujimoristas;. Apesar de o FP ter realizado um trabalho de distanciamento da imagem de Fujimori e de mobilização regional após a derrota nas urnas em 2011 ; quando o presidente Ollanta Humala chegou ao poder ;, Keiko amarga uma taxa de rejeição na casa dos 50% atrelada ao legado negativo do governo de seu pai. Aos 77 anos, o ex-ditador cumpre pena por crimes contra a humanidade e por corrupção. Benavente acredita que os votos de Verónika Mendoza, terceira colocada, com 18% dos votos, e de Alfredo Barnechea, que ficou em quarto lugar, devem ser redirecionados ao concorrente. ;Teremos um segundo turno muito polarizado;, palpitou.

Em entrevista ao jornal El Comércio na noite passada, Kuzcynski considerou ;prematuro; tratar de alianças políticas. ;Essas coisas serão feitas no Congresso. Obviamente, nós vamos conversar com todos os que acreditam na democracia, mas não estamos com planos de fazer coalizões agora;, explicou. Questionado sobre a possibilidade de o parlamento aprovar uma lei que permita que Fujimori cumpra o resto de sua sentença em domicílio, o candidato afirmou que não apresentará objeções, caso seja eleito. ;Haverá um grupo fujimorista muito grande no Congresso;, salientou.

Com quase dois meses até a data do segundo turno, espera-se que as propostas para a economia peruana ganhem maior destaque durante a campanha. No dia seguinte à votação, o mercado reagiu aos resultados com alta de 8% na bolsa de Lima e fortalecimento do sol peruano frente ao dólar.

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