Mundo

Milhares de civis fogem dos combates no norte da Síria

Desde domingo (10), mais de 200 combatentes de diferentes facções morreram nesses confrontos, segundo um comunicado do Observatório

Agência France-Presse
postado em 15/04/2016 17:23

Milhares de civis fugiram nas últimas 48 horas dos violentos combates entre as forças do regime, os rebeldes e os jihadistas no norte da Síria, que fragilizam ainda mais a trégua e as negociações de paz.

Na província de Aleppo, ao norte, as forças governamentais sírias lutavam nesta sexta-feira (15/4) ao mesmo tempo contra os extremistas do grupo Estado Islâmico (EI) e da Frente al-Nosra, o braço sírio da Al-Qaeda, relatou o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).

Leia mais notícias em Mundo

Desde domingo (10/4), mais de 200 combatentes de diferentes facções morreram nesses confrontos, segundo um comunicado do Observatório.

A delegação do presidente Bashar al-Assad chegou na sexta-feira a Genebra e se reuniu com o enviado especial da ONU para a Síria, Staffan de Mistura. Na cidade suíça, o enviado mostrou sua frustração com as dificuldades de acesso humanitário ao país, devastado por uma guerra que já dura cinco anos e que deixou mais de 270.000 mortos.

Staffan de Mistura denunciou que Damasco está impondo restrições à entrega de ajuda humanitária nas localidades sitiadas, apesar das resoluções do Conselho de Segurança sobre o acesso a essas zonas.

Reunida no Alto Comitê de Negociações (ACN), a oposição declarou que está disposta a formar um governo de transição com diplomatas e tecnocratas do governo sírio, mas não com "os que tiverem cometido crimes".

"Não podemos aceitar a participação no (futuro) órgão de transição de responsáveis que tenham cometido crimes contra o povo sírio", declarou o porta-voz da coalizão, Salem al-Meslet.

O fluxo de deslocados aumentou ainda mais com a fuga de ao menos 30.000 pessoas pelos combates entre extremistas e rebeldes nas últimas 48 horas, afirmou a organização Human Rights Watch (HRW), pedindo à Turquia que abra sua fronteira.

"Os civis fogem dos combatentes do EI, e a Turquia responde com disparos de balas reais, em vez de sentir compaixão por eles", lamentou Gerry Simpson da HRW.

Na quinta-feira, o EI tomou seis localidades da província de Aleppo. A mais importante delas é Hiwar Kallis, situada a um quilômetro da fronteira, segundo o OSDH.

O Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (Ocha) falou de entre 21.000 e 23.000 civis que fugiram dos combates e que seguirão para Azasz, vários quilômetros a oeste. Em janeiro e fevereiro, esta região já acolheu dezenas de milhares de civis que fugiam dos combates.

Colinas estratégicas

Em Aleppo, o Exército e as milícias pró-regime enfrentavam o EI em Janaser, no leste da província, ao mesmo tempo em que também combatiam a Frente Al-Nosra, aliada com grupos rebeldes nas colinas de Handarat, um setor estratégico situado vários quilômetros ao norte.

Essas colinas são muito importantes em nível estratégico porque dominam a rota de abastecimento dos rebeldes que controlam vários bairros de Aleppo, disse o Observatório.

"O que acontece em Aleppo é uma violação maior do cessar-fogo. Está acontecendo uma grande batalha e isso levará a um grande desastre, se o governo ganhar", porque bloqueará a via do abastecimento, declarou à AFP em Genebra o comandante rebelde Eyad Shamsi, acusando o governo.

Nesse caso, "um milhão de pessoas se verão sitiadas", advertiu.

Na quinta-feira, o governo americano disse estar "muito preocupado" com esses ataques, e o secretário de Estado, John Kerry, exigiu que a Rússia controle as forças do governo sírio.

Os Estados Unidos também mostraram sua indignação com a morte de um médico sírio em um bombardeio aéreo ocorrido em uma zona, na qual a Aviação russa opera.

O OSDH disse que o doutor Hassan al-Araj morreu em um setor próximo a um hospital perto da cidade de Hama, ao sul de Aleppo.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação