postado em 17/04/2016 21:13
Doha, Catar - As negociações deste domingo em Doha entre os principais produtores de petróleo do mundo terminou sem acordo, informou o ministro de energia do Catar.Mohammed bin Saleh al-Sada disse que após seis horas de negociação os produtores de petróleo concluíram que eles precisam de "mais tempo". "A conclusão geral é de que nós precisamos de mais tempo para consultas entre nós da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) e os produtores de fora da Opep", afirmou Sada. Após a falta de um acordo há expectativa sobre como os mercados irão reagir na segunda-feira.
Em relação às consequências, Sada disse que "há muitos fatores" que influenciam os preços e afirmou que os fundamentos do mercado do petróleo continuam sendo positivos.
Um projeto, assinado em fevereiro por Arábia Saudita, Rússia, Catar e Venezuela, busca congelar a produção de petróleo a fim de compensar a oferta excessiva até que demanda se recupere, no terceiro trimestre de 2016.
A reunião reuniu quinze países, a maioria integrantes da Opep. O Irã, que não compareceu à reunião, esteve no centro das discussões, já que Teerã se opõe a congelar a produção, após ficar anos fora do mercado pelas sanções internacionais, suspensas recentemente depois do acordo sobre o programa nuclear com as grandes potências.
"Nós respeitamos a sua (do Irã) posição. Certamente o congelamento seria mais eficaz se mais produtores, incluindo o Irã, participassem", disse Sada. "Isso ajudaria a reequilibrar o mercado
Irã não cede
Segundo uma fonte citada pelo veículo imprensa oficial russo, a agência Ria-Novosti, a Arábia Saudita exigiu como condição que todos os países da Opep participem do acordo. "Riad pôs como condição a participação de todos os países da Opep, incluído o Irã", disse uma fonte de uma das delegações.
As divergências entre Irã e Arábia Saudita, dois rivais regionais nos conflitos do Oriente Médio, já haviam surgido antes da reunião. "A reunião de Doha é para as pessoas que querem participar no plano de congelamento da produção", declarou o ministro iraniano do Petróleo, Bijan Namdar Zanganeh, citado no site de seu ministério."Na medida em que não está previsto que o Irã assine esse plano, a presença de um representante do Irã na reunião não é necessária", acrescentou.
Os dois países também discordam sobre a estratégia dos preços. Enquanto o Irã tenta recuperar o tempo perdido, a Arábia Saudita se nega a reduzir a produção, apesar da queda dos preços, com o objetivo de tirar do mercado concorrentes como os produtores americanos de petróleo de xisto.
Desde junho de 2014, os preços do petróleo caíram mais de 60%, provocando perdas milionárias para os países produtores, que atingiram duramente economias como a da Venezuela.
Antes da reunião, a Opep advertiu que o excesso de oferta pode continuar se acentuando, na medida em que há previsões de menor crescimento para a economia mundial.