postado em 25/04/2016 06:00
Uma semana depois de Hillary Clinton e Donald Trump confirmarem o favoritismo nas primárias de Nova York, uma nova bateria de prévias aguarda os líderes na disputa pelas candidaturas às eleições presidenciais de novembro. Amanhã, eleitores vão às urnas em cinco estados do nordeste dos Estados Unidos ; Connecticut, Delaware, Maryland, Pensilvânia e Rhode Island. Apesar de as pesquisas favorecerem a ex-secretária de Estado (no Partido Democrata), e o magnata do setor imobiliário (na oposição republicana), os desafiantes em cada legenda não dão sinais de que jogarão a toalha facilmente.
Os resultados da semana passada foram considerados cruciais para afastar ameaças aos dois favoritos, e uma sequência de vitórias nas próximas etapas pode garantir a Hillary e Trump uma margem de conforto ainda maior. Na tentativa de reverter o cenário, o democrata Bernie Sanders e o republicano Ted Cruz ; ambos senadores ; intensificaram os ataques sobre os palanques montados no estado que será palco de uma das principais disputas da rodada: a Pensilvânia.
"Depois de Nova York, uma eleição disputada por Hillary e Trump se torna mais provável a cada dia;
Anthony Gaughan, especialista em disputas eleitorais da Drake University
No campo democrata, Sanders mal desembarcou de Nova York para reforçar as críticas ao envolvimento de grandes fortunas na campanha de Hillary. Também discursou contra as grandes corporações que demitiram funcionários na região para abrir vagas em estados com leis trabalhistas mais flexíveis. A estratégia do senador, que se autodenomina ;socialista democrático;, mira os trabalhadores da indústria, muito afetados pela crise econômica. Em uma entrevista publicada no sábado, o senador disse que perdeu as últimas primárias porque ;os pobres não costumam votar nos Estados Unidos;.
Em linha similar, mas do outro lado do espectro político, Cruz voltou a atacar os ;valores de Nova York;, também de olho nos votos da classe operária ; até aqui, mais sensível aos ataques de Trump contra a imigração. Segundo o jornal The New York Times, o senador republicano tem buscado articulação com os possíveis delegados dos estados que seguirão para a convenção de julho sem a obrigação de votar por um pré-candidato determinado.
"Rhode Island Connecticut ão menos diversificados, as a Pensilvânia Maryland ão bem diversos. Essa é uma das razões pelas uais os resultados da semana passada devem se repetir;
Aron Kall, especialista em discursos políticos da Universidade de Michigan
A tarefa dos ;azarões;, no entanto, não será fácil. ;Depois de Nova York, uma eleição disputada por Hillary e Trump se torna mais provável a cada dia;, observa Anthony Gaughan, especialista em disputas eleitorais da Drake University. O estudioso observa que os resultados no estado devem influenciar as disputas vizinhas, especialmente pela conexão entre os mercados de mídia da região. ;Connecticut está dentro do mercado televisivo de Nova York, e parte de Maryland está no mercado de Washington;, observa.
Além da proximidade geográfica, as similaridades demográficas com os próximos estados do calendário eleitoral fortalecem o cenário favorável a Hillary e Trump. ;Rhode Island e Connecticut são menos diversificados, em termos demográficos, mas a Pensilvânia e Maryland são bem diversos. Essa é uma das razões pelas quais os resultados da semana passada devem se repetir;, ressalta Aron Kall, especialista em discursos políticos da Universidade de Michigan.
Convenção aberta
Enquanto o apoio dos superdelegados democratas garante a Hillary uma preciosa reserva de votos na disputa democrata, Trump enfrenta uma campanha de desconstrução da candidatura sustentada pelo próprio comando do Partido Republicano. Para Kall, a esmagadora vitória do bilionário em Nova York deve forçar o establishment da legenda de oposição a revisar as estratégias de publicidade e mobilização.
O estudioso ressalta que Ted Cruz e o governador John Kasich só terão alguma chance de se tornarem candidatos caso o partido chegue à convenção nacional sem maioria fechada de delegados para o atual favorito. Mesmo que saia vitorioso das cinco disputas no nordeste, ;Trump terá cerca de 40% dos delegados necessários para a nomeação, mas ainda não terá a maioria numérica;, ressalta Kall. ;Há disputas entre as primárias de terça-feira e a convenção nacional nas quais Ted Cruz pode ir muito bem, como as de Indiana e Nebraska.;
A posição de alternativa viável a Trump, conquistada pelo senador texano ao longo das últimas primárias, esbarra no apoio que Kasich possui na região. A dupla deve brigar pelo segundo lugar na maioria das prévias.
Estados-chave
Nas prévias de terça-feira, as atenções dos pré-candidatos à Presidência estarão voltadas especialmente para as disputas na Pensilvânia e em Maryland. Os estados oferecem o maior número delegados da rodada. Na Pensilvânia, são 210 democratas e 71 republicanos. Em Maryland, está em jogo o apoio de 118 delegados democratas
e 38 republicanos.
A matéria completa está disponívelaqui, para assinantes. Para assinar, clique