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Em reunião com líderes, Obama anuncia envio à Síria de mais 250 soldados

Militares vão treinar rebeldes para acelerar a reconquista de áreas dominadas pelo Estado Islâmico

Rodrigo Craveiro
postado em 26/04/2016 06:00

Angela Merkel olha através de dispositivo eletrônico, observada por Obama, em Hannover: chanceler alemã classifica luta contra EI de


A nove meses de deixar a Casa Branca e ante o perigo de novos atentados contra nações aliadas, Barack Obama aproveitou a viagem à Europa para impulsionar o combate ao Estado Islâmico (EI). Em pronunciamento na cidade de Hannover (norte da Alemanha), o presidente dos EUA anunciou o aumento em seis vezes das tropas norte-americanas na Síria e no Iraque ; a medida foi considerada limitada por especialistas consultados pelo Correio. ;Assim como aprovei o apoio adicional às forças iraquianas contra o EI, decidi ampliar o apoio dos EUA às forças locais que combatem o grupo na Síria. Um pequeno número de forças de operações especiais já está em solo no país, e sua expertise tem sido importante, à medida que tropas locais expulsaram o EI de áreas-chave. Dado o sucesso (dos 50 soldados em operação atualmente na região), eu aprovei o deslocamento de 250 militares adicionais para manter o ritmo;, declarou. O reforço do contingente norte-americano também inclui forças especiais, cujas missões serão ;aconselhar e auxiliar; combatentes para a reconquista de Raqqa, a capital de facto do EI na Síria.

Obama cobrou a união dos europeus para reforçar a segurança do continente. ;A Europa tem sido autocomplacente. (;) Os Estados Unidos e o mundo necessitam de uma Europa forte. Vocês não podem abandonar o projeto europeu;, alertou, à margem da minicúpula em Hannover, que também contou com a participação dos chefes de governo Angela Merkel (Alemanha), David Cameron (Reino Unido) e Matteo Renzi (Itália), além do presidente francês, François Hollande. A líder alemã admitiu que, ;apesar dos sucessos, o grande desafio do combate ao EI continua;. O norte-americano apelou por mais gastos em defesa, ao exortar cada país-membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) a contribuir com 2% do Produto Interno Bruto (PIB).

Ao detalhar os planos para debilitar os jihadistas, Obama descartou uma ofensiva terrestre em larga escala e prometeu intensificar a campanha diplomática para pôr fim à guerra civil na Síria. ;Não se enganem. Esses terroristas vão aprender a mesma lição que outros antes deles: a de que seu ódio não é páreo para nossas nações, unidas na defesa de nosso modo de vida;, afirmou.

Limitação
Diretora do Centro Rafik Hariri para o Oriente Médio do instituto Atlantic Council (em Washington), Andrea Taylor acredita que a decisão de Obama é ;um passo limitado na direção correta;. ;Quanto mais tempo os Estados Unidos concederem aos jihadistas, maiores as chances de o grupo planejar e executar um ataque em território norte-americano. Medidas mais robustas e agressivas deveriam ser tomadas. Mas, ante a falta de apetite de Washington por tais ações, o aumento do contingente é bem-vindo e levará à redução nas capacidades do Estado Islâmico;, explicou ao Correio.

De acordo com ela, o reforço vai aprimorar, de modo significativo, a eficiência de combate das forças curdas e árabes que operam no norte da Síria. ;As tropas especiais dos EUA são multiplicadoras de combates. Elas ajudaram a aumentar a confiança dos sunitas da província de Anbar, no Iraque, e a derrotar o EI em Ramadi. As mesmas capacidades serão colocadas à mesa para engajar os sunitas do norte da Síria.;

Yves Trotignon, ex-agente do serviço secreto francês DSGE, admite à reportagem que uma ampla ofensiva terrestre é o único modo de eliminar o Estado Islâmico, enquanto poder militar que domina povos e territórios. ;Em vez de destruir a infraestrutura dos jihadistas e retomar cidades e estradas, o Ocidente busca controlar a facção, reduzindo a capacidade de planejar ataques. O fim do EI tinha que ser uma meta;, observa. Ele aposta, no entanto, que os 250 soldados dos EUA adicionais vão auxiliar os rebeldes a tomarem vantagem nos bombardeios aéreos. ;A melhor estratégia requer um justo balanço entre a ameaça representada pelo Estado Islâmico e as perdas que os países ocidentais estariam dispostos a enfrentar.;

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