Agência France-Presse
postado em 27/04/2016 09:24
Seul, Coreia do Sul - A Coreia do Norte anunciou oficialmente nesta quarta-feira (27/4) o início em 6 de maio de um congresso do partido único que governa o país, o primeiro em quase 40 anos, e muitos analisas temem que seja precedido por um quinto teste nuclear.O congresso do Partido dos Trabalhadores da Coreia, que se reuniu pela última vez em 1980, era muito esperado desde que o Norte anunciou a intenção de convocá-lo no fim do ano passado. O dirigente norte-coreano, Kim Jong-un, poderia utilizar o evento para tentar destacar seu papel de líder supremo e reivindicar as conquistas do país nas áreas nuclear e balística.
Apesar de nenhum detalhe sobre o congresso ter sido divulgado, o evento será acompanhado para detectar possíveis mudanças de linha política ou reajustes na elite que governa o Estado que muitos analistas consideram totalitário.Até o anúncio do Comitê Central nesta quarta-feira, a data do congresso era secreta.
Em um comunicado publicado pela agência norte-coreana KCNA, o Politburo afirma que o próximo congresso, o sétimo do partido em sua história, começará na sexta-feira 6 de maio. A duração, no entanto, não foi revelada. O congresso de 1980 durou quatro dias. Para este ano, o ministério sul-coreano da Unificação, responsável pela relação entre os dois países, prevê quatro ou cinco dias.
Novo teste nuclear
O anúncio do congresso disparou as especulações sobre um quinto teste nuclear antes do evento, no que seria uma demonstração de força e orgulho nacional. A presidente sul-coreana, Park Geun-hye, anunciou na terça-feira que o Norte "concluiu os preparativos" para um novo teste e pode executá-lo a qualquer momento.
Um novo teste seria um passo espetacular de provocação norte-coreana, após as duras sanções da comunidade internacional a Pyongyang depois do teste nuclear de 6 de janeiro. Park advertiu que a comunidade internacional vai agir de maneira rápida e rigorosa, com a possibilidade de sanções ainda mais severas.
Nos últimos meses, a Coreia do Norte reivindicou uma série de avanços técnicos naquilo que parece ser o objetivo final de seu programa nuclear: operar um míssil balístico intercontinental (ICBM) capaz de alcançar o continente americano.
Pyongyang citou a miniaturização com sucesso de uma carga nuclear para transportá-la em um míssil, o teste de uma ogiva nuclear que pode suportar o retorno à atmosfera após um voo balístico e a construção de um motor de propelente sólido.
No dia 15 de abril, a Coreia do Norte executou uma tentativa frustrada de lançamento de um míssil de médico alcance chamado Musudan. A agência sul-coreana Yonhap afirma que Pyongyang pretende repetir o teste em breve.
O Musudan teria alcance de entre 2.500 e 4.000 quilômetros, o que significaria a capacidade de atingir a Coreia do Sul e o Japão, assim como a ilha americana de Guam, no Pacífico, onde há uma base militar.
Até o momento nenhum teste de voo do míssil teve sucesso. O disparo de 15 de abril foi um fracasso "catastrófico", segundo o Pentágono, porque aparentemente o motor explodiu poucos segundos depois.
As resoluções da ONU proíbem que a Coreia do Norte desenvolva qualquer tipo de programa nuclear ou balístico. O país executou quatro testes nucleares, em 2006, 2009, 2013 e 6 de janeiro deste ano.