postado em 28/04/2016 06:50
Donald Trump apresentou ontem sua visão sobre os rumos que pretende dar à política externa dos Estados Unidos, caso seja o próximo presidente. O discurso, no dia seguinte à vitória avassaladora do bilionário nas prévias do Partido Republicano em cinco estados do nordeste, evitou tópicos polêmicos que valeram críticas ao candidato, como a proposta de construir um muro na fronteira com o México e a proibição de que muçulmanos entrem nos EUA. Mas o favorito para disputar a Casa Branca pela oposição, em novembro, deixou claro que sua diplomacia colocará os interesses próprios do país ;na frente de tudo; ; e classificou o governo de Barack Obama como um ;completo e total desastre; na frente externa.
";Os Estados Unidos primeiro; será o lema principal da minha administração;, declarou, reciclando o slogan do republicano Ronald Reagan, que comandou a Casa Branca entre 1981 e 1989. Trump comprometeu-se a pressionar aliados que se beneficiam de ajuda militar americana para que paguem por esse serviço. ;Na Otan, por exemplo, apenas quatro dos 28 países-membros, além dos EUA, cumprem com o gasto mínimo requerido de 2% do PIB na defesa. E nós gastamos trilhões de dólares em aviões, mísseis, navios e equipamentos para proporcionar uma forte defesa à Europa e à Ásia;, reclamou.
;Os países que defendemos devem pagar o custo. Ou, então, devemos estar preparados para deixar que eles mesmos se defendam. Não temos escolha;, concluiu. O líder da corrida pela candidatura presidencial republicana também prometeu priorizar o combate ao Estado Islâmico, e disse que o grupo tem ;os dias contados;, caso ele chegue à Casa Branca. ;Não direi a eles quando e não direi a eles como;, declarou, sem explicar a estratégia, mas acrescentando que espera contar com os aliados no Oriente Médio.
[SAIBAMAIS]Trump destacou que o Exército precisa de mais investimentos para ;ser reconstruído;. Afirmou que não hesitará em ;mobilizar a força militar, quando não houver alternativa;, mas adiantou que só aceitará uma operação militar com soldados em solo ;se tivermos um plano para a vitória;.
Em um dia dominado por notícias sobre o anúncio da ex-pré-candidata Carly Fiorina como vice-presidente pelo concorrente republicano de Ted Cruz (leia mais ao lado), Trump recorreu às redes sociais para agradecer o apoio dos simpatizantes e ironizar o senador pelo Texas. ;Concordo!”, escreveu ele, ao postar um trecho de uma antiga entrevista de Fiorina à tevê CNN, na qual ela diz que Ted Cruz ;é como qualquer outro político: fala o que for preciso para ser eleito;.
Críticas
O discurso de Trump recebeu críticas tanto de personalidades democratas quanto de republicanas. O influente senador Lindsey Graham, que abandonou logo no começo a disputa na legenda oposicionista, classificou as declarações do magnata como ;patéticas;, ;isolacionistas; e ;sem sentido;. Em entrevista à Rádio WABC, Graham acusou Trump de ;não ter um entendimento do mundo e do papel que os EUA têm nele;. Sem esconder a indignação, o senador se disse assustado. ;O discurso pegou todos os problemas e medos que tenho em relação a Donald Trump e os colocou em esteroides;, comparou.
A campanha de Hillary Clinton, provável candidata do Partido Democrata à eleição de novembro, também criticou o adversário. A equipe da ex-primeira-dama, que comandou a política externa dos EUA no primeiro mandato de Obama (2009-20013), alega que ;a retórica anti-islâmica de Trump vai contra tudo em que acreditamos;.
O magnata, porém, também recebeu aplausos. O presidente do Comitê de Relações Exteriores do Senado, o republicano Bob Corker, elogiou as posições do correligionário. ;Trump fez um discurso muito bom;, disse ele. ;Espero ouvir mais detalhes.; O ex-deputado Newt Gingrich, que presidiu a Câmara de 1995 a 1999, se disse ;orgulhoso; do favorito para representar o partido em novembro. ;Foi um sério discurso de política externa;, elogiou. ;Vale a pena ler e refletir sobre ele;, recomendou.