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Irlanda tem primeiro-ministro após dois meses de bloqueio

Kenny, do partido Fine Gael, foi eleito por 59 votos a favor e 49 contra, na quarta sessão de candidatura desde as eleições de 26 de fevereiro que elegeram um parlamento muito fragmentado

Agência France-Presse
postado em 06/05/2016 13:45

Dublin, Irlanda - O conservador Enda Kenny foi eleito nesta sexta-feira (6/5) o primeiro-ministro da Irlanda pelo Parlamento após mais de dois meses de negociações com outras forças que lhe obrigarão a suavizar a austeridade de seu primeiro mandato.

Kenny, do partido Fine Gael, foi eleito por 59 votos a favor e 49 contra, na quarta sessão de candidatura desde as eleições de 26 de fevereiro que elegeram um parlamento muito fragmentado.

O primeiro-ministro conseguiu que o segundo partido da câmara, Fianna Fail, se abstivesse e que vários independentes votassem a seu favor.

Fine Gael, que tem 50 das 158 cadeiras da Câmara baixa, governará em minoria com o apoio de alguns independentes, e não terá outro remédio a não ser negociar com outras forças parlamentares.

"Este governo tem muito o que fazer. Nosso país enfrenta muitos desafios, esta é a mensagem que o povo transmitiu durante as eleições", disse em seu discurso de posse do cargo.

Os dois grandes partidos irlandeses, Fine Gael e Fianna Fail, não conseguiram alcançar um acordo estável de governo, apesar de terem programas relativamente parecidos, por uma inimizade durante a guerra civil (1922-1923).

Kenny, que na legislatura anterior governou em coalizão com os trabalhistas, pagou nas urnas sua política de cortes orçamentários após a grande crise que começou em 2008.

Muitos irlandeses mostraram assim sua indignação por não sentir os efeitos da recuperação econômica, com um crescimento de 7% do PIN em 2015 e um retrocesso do desemprego a 9%, repetindo-se assim uma história que já foi vivida em Portugal e na Espanha. Kenny foi o encarregado de gerenciar o resgate de 67,5 bilhões de euros da UE e do FMI e de aplicar os cortes relacionados.



- Mais gasto público -O primeiro-ministro anunciará possivelmente nesta mesma sexta-feira a composição de seu gabinete.

Em troca de sua abstenção, o Fianna Fail conseguiu que o próximo governo dedique 6,75 bilhões de euros a mais para o gasto público e que abandone seu plano de impor um novo imposto à água, que foi a gota que transbordou o vaso e levou os irlandeses a manifestarem-se contra a austeridade.

Além disso, o imposto foi traduzido em um aumento da popularidade do partido nacionalista de esquerda Sinn Fein, abertamente contra a austeridade, e na aparição de novos partidos independentes como a Aliança contra a Austeridade/Os indivíduos antes do benefício (AAA-PBP).

"O novo governo escutou a mensagem (das urnas) e atuará em concordância com essa mensagem", prometeu Kenny.

"Se a sobrevivência econômica foi a prioridade no executivo anterior, a deste será colocar a boa saúde econômica a serviço da melhora das condições de vida", assegurou o primeiro-ministro.

Seu mandato será um governo frágil pendurado por um fio. "É difícil ser otimista sobre a duração do governo", concluiu o jornal irlandês The Independent.

O Sinn Fein, o antigo braço político do IRA (Exército Republicano Irlandês), terceira força do parlamento com 23 cadeiras, ficou à margem das negociações.

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