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Alemanha acusa Moscou de estar por trás de campanhas de ciberataques

Empresas de cibersegurança já haviam afirmado que hackers russos estavam por trás de uma campanha de ciberataques sob o nome de Sofacy/APT 28, que visou instituições ocidentais como a Otan, e Sandworm, que provocou um vasto corte de eletricidade no oeste da Ucrânia em 23 de dezembro

Agência France-Presse
postado em 13/05/2016 13:44

Berlim, Alemanha - O serviço de inteligência alemão acusou nesta sexta-feira o governo russo de estar por trás das campanhas internacionais de ciberataques com fins de espionagem e sabotagem, uma "guerra híbrida" que também visou a Alemanha e seu Parlamento.

Empresas de cibersegurança já haviam afirmado que hackers russos estavam por trás de uma campanha de ciberataques sob o nome de Sofacy/APT 28, que visou instituições ocidentais como a Otan, e Sandworm, que provocou um vasto corte de eletricidade no oeste da Ucrânia em 23 de dezembro.

"Uma das campanhas mais ativas e agressivas do momento é a campanha Sofacy/APT 28. O Escritório de Proteção da Constituição (a agência interior de inteligência) vê indícios de uma pilotagem estatal russa", afirmou em um comunicado o chefe da inteligência interna alemã, Hans-Georg Maassen.

"Os ciberataques dos serviços de inteligência russos formam parte de operações de alcance internacional que buscam obter informações estratégicas. Algumas destas operações podem remontar a um período de entre sete e 11 anos", afirma o documento, que evoca uma "guerra híbrida".



Geralmente, os computadores visados são infectados por meio de ataques de phishing, uma técnica que visa coletar dados pessoais, incluindo senhas, dos utilizadores.

O Bundestag, câmara baixa do Parlamento alemão, foi atacado pelo vírus Troie Sofacy na primavera de 2015 que "comprometeu sua rede de dados".

Mas a agência interior de inteligência da Alemanha também citou "a campanha Sandworm" que tem um "objetivo de cibersabotagem".

"Além das instituições governamentais, os alvos (dos ataques) são empresas de telecomunicações, de energia e universidades e instituições educacionais", informa a mesma fonte.

Segundo o chefe do serviço de inteligência alemão, o "ciberespaço é um lugar para uma guerra híbrida" e abriu "novos espaços para a espionagem e a sabotagem".

"A segurança informática das instituições governamentais, administrativas, econômicas, científicas e de pesquisa estão permanentemente ameaçadas", declarou.

O partido conservador da chanceler Angela Merkel, o CDU, confirmou ter sido alvo de um ataque no mês passado. "Adaptamos nossa infra-estrutura-IT", indicou o partido.

Otan, Ucrânia e opositores russos visados

De acordo com especialistas em segurança cibernética, o Sofacy já havia atacado no passado os servidores d o Bureau holandês de segurança (OVV) para obter o relatório sobre a queda do voo MH17 no leste da Ucrânia.

O inquérito internacional apontou que um míssil tipo BUK de fabricação russa utilizado pelo rebeldes pró-russos foi utilizado em 17 de julho de 2014 para derrubar o Boeing 777 da Malaysia Airlines, uma versão negada pela Rússia.

"A operação Sofacy é uma campanha de ciberespionagem abrangente e ambiciosa. Tem como principais alvos militares, embaixadas, funcionários de empresas de defesa americanas e seus aliados, incluindo instituições governamentais e a Otan", resumiu em um relatório de janeiro de 2016 a empresa de cibersegurança Trend Micro, com sede no Japão.

"Grupos de oposição, dissidentes ao governo russo, meios de comunicação internacionais e líderes políticos na Ucrânia também têm sido alvos", acrescenta.

O canal de televisão francês TV5 Monde também foi vítima de um ataque similar em 8 de abril de 2015. Seus programas, transmitidos em mais de 200 países e territórios em todo o mundo, foram cortados, substituídos por uma tela preta.

Ao mesmo tempo, o canal perdeu o controle de suas contas no Facebook e Twitter, enquanto seus sites apresentavam reivindicações do grupo jihadista Estado islâmico.

Uma fonte judicial francesa havia mencionado em junho de 2015 a provável responsabilidade de "hackers russos".

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