O deputado opositor argentino Darío Martínez apresentou nesta terça-feira à justiça documentos que tentam provar que o presidente da Argentina, Mauricio Macri, mentiu em sua declaração sobre uma empresa envolvida no escândalo conhecido como Panama Papers, revelaram fontes judiciais.
"Apresentamos atas da empresa que o presidente disse que nunca tinha tido transações. Mas sim houve transações e negócios multimilionários, para os quais precisou ter contas bancárias", declarou à imprensa Martínez, da Frente para a Vitória (peronista, de centro-esquerda).
A empresa da denúncia é a Fleg Trading, sediada nas Bahamas através da firma panamenha de advogados Mossack Fonseca. Macri, líder de uma aliança de centro-direita, aparece no escândalo de vazamento de documentos confidenciais como diretor da Fleg Trading e da empresa Kagemusha.
Macri declarou publicamente que não tem "nada a esconder" e que se coloca "à disposição da justiça". O presidente está sendo investigado devido a uma suposta "omissão dolosa" de bens em empresas em paraísos fiscais.
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O presidente afirmou que a Fleg Trading jamais esteve ativa, que foi criada para operar na área de serviços financeiros no Brasil, mas o projeto acabou cancelado.
"Tinha que ter declarado a atividade. Há algo bastante mais grave que a ocultação de informação. Há uma metodologia de criar sociedades para sonegar impostos e lavar dinheiro", disse Martínez.
O caso de Macri foi revelado pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ) e o jonal alemão Süddeutsche Zeitung. O ICIJ investigou milhões de documentos que envolvem personalidades e governantes do mundo todo.
O juiz encarregado do caso é Sebastián Casanello, que em 10 de maio ordenou entidades financeiras do país a informarem sobre as contas bancárias de Macri, devido a suspeitas no caso Panama Papers.
O magistrado enviou também precatórias ao Brasil, Uruguai, Reino Unido, Irlanda e Panamá para que informem sobre empresas da família Macri, dona de um poderoso império de negócios.