Agência France-Presse
postado em 18/05/2016 09:12
Tóquio, Japão - A montadora japonesa Suzuki admitiu nesta quarta-feira (18/5) que mediu os níveis de emissão e consumo de seus veículos com métodos não homologados, mas negou ter manipulado os resultados, ao contrário da Mitusbishi Motors, envolvida em um escândalo que provocou a renúncia de seu presidente. "Foram descobertas irregularidades nos procedimentos de teste de emissões e de rendimentos de energia dos carros vendidos no Japão", admite a Suzuki em um comunicado."Mas a investigação interna não concluiu que aconteceram delitos, como uma manipulação de dados", completa a nota oficial. A empresa insiste que os valores obtidos com o método não são falsos, pois seriam explicados pela localização da área de testes, "uma colina próxima do mar, com condições meteorológicas - o vento em particular - que afetam as medições". Os dados enganosos remontam a 2010 e afetam 2,1 milhões de veículos dos 16 modelos comercializados no Japão, informou o presidente do grupo, Toshihiro Suzuki, em uma entrevista coletiva. "O problema não se aplica aos produtos vendidos fora do Japão", indicou a montadora.
[SAIBAMAIS]As revelações provocaram uma forte queda da ação da empresa na Bolsa de Tóquio. O título da Suzuki fechou a sessão de quarta-feira em baixa de 9,36%, a 2.613 ienes. O grupo, especializado em veículos de pequeno porte, com forte presença na Índia, vende de um a três milhões de carros por ano. Também fabrica motocicletas, que representam 10% de seu faturamento.
Executivos demitidos na Mitsubishi Motors
A confissão da Suzuki aconteceu pouco tempo depois da Mitsubishi Motors Corporation (MMC) ter admitido uma manipulação de dados e falsificações nos testes de rendimento dos motores. O escândalo provocou uma forte redução das vendas do grupo, que nesta quarta-feira anunciou a demissão de seu presidente, Tetsuro Aikawa, e de seu vice-presidente.
A Mitsubishi informou a princípio que as fraudes haviam afetado apenas quatro modelos de pequeno porte, mas agora admite que há outros modelos envolvidos, incluindo o emblemático utilitário 4X4 híbrido Outlander PHEV. Na semana passada, outra montadora japonesa, a Nissan, surpreendeu ao ajudar a Mitsubishi, com o anúncio da compra de um terço de seu capital. Outra montadora internacional importante, a gigante alemã Volkswagen, também enfrenta um escândalo de grande magnitude, depois de ter admitido no ano passado que havia instalado um dispositivo de falsificação dos resultados de testes de emissões de poluentes em quase 11 milhões de veículos.
Mesmo que se confirme que a Suzuki não falsificou deliberadamente os procedimentos de verificação de emissões, o "uso de um método diferente do autorizado pelo governo representa um problema", afirmou Koji Endo, analista da Advanced Research Japan. "E como as vendas da Suzuki no Japão são muito mais importantes que as da Mitsubishi (600.000 e 100.000 veículos vendidos em 2015, respectivamente), o impacto no mercado interno será muito mais importante", completou Endo.
A Suzuki é uma empresa fundada em 1909. No ano passado, o patriarca Osamu Suzuki cedeu a presidência ao filho Toshihiro, depois de 37 anos à frente do grupo. Mas o empresário veterano, de 86 anos, continua sendo um membro do conselho de administração e nesta quarta-feira foi o responsável por apresentar as desculpas oficiais. A Suzuki encerrou 2015 com lucro de 27 bilhões de dólares, uma alta de 16%. A empresa afirma que o escândalo atual não compromete seus objetivos de 2016.