Agência France-Presse
postado em 23/05/2016 12:29
As forças iraquianas avançaram nesta segunda-feira em direção a Fallujah, a oeste de Bagdá, com a intenção de recuperar esta cidade controlada pelo grupo jihadista Estado Islâmico (EI), uma batalha que se anuncia como uma das mais difíceis na guerra contra os jihadistas.Os bombardeios aéreos acompanham o progresso das tropas em direção à Fallujah, cidade situada 50 km a oeste de Bagdá, constatou um fotógrafo da AFP.
Na noite desta segunda-feira, as forças iraquianas anunciaram a reconquista de Karma, uma pequena cidade situada em um setor rural a nordeste de Fallujah.
Horas antes, o EI informou ter repelido "um amplo ataque" das forças iraquianas, com a destruição de vários veículos blindados.
O primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi, anunciou o lançamento da ofensiva para recuperar o reduto jihadista, antes de visitar o centro das operações.
"Nas primeiras horas da manhã, os valentes combatentes avançaram" em várias direções com o objetivo de retomar "todas as zonas ocupadas pelo EI ao redor de Fallujah", declarou o primeiro-ministro na televisão.
O Iraque está envolvido há meses em uma crise política, que se materializou nas últimas semanas com a invasão em duas ocasiões de manifestantes na Zona Verde de Bagdá, que abriga as principais instituições do Estado.
A capital iraquiana foi igualmente palco de recentes atentados reivindicados pelo EI.
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O grupo EI também opera na vizinha Síria, onde nesta segunda-feira reivindicou vários atentados em dois redutos do presidente Bashar al-Assad, deixando ao menos 148 mortos, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).
A batalha de Fallujha se inscreve no âmbito de uma luta mais global, apoiada, em especial, pelos países ocidentais, contra o grupo jihadista implantado em Iraque, Síria e Líbia, e ativo em vários outros países da região.
Segundo Abadi, na operação participam soldados, membros das forças especiais, da polícia, das milícias e das tribos pró-governamentais.
As forças iraquianas contam com o apoio da coalizão internacional antijihadista liderada pelos Estados Unidos, que na semana passada realizou sete ataques aéreos na região de Fallujah.
No domingo, o comandante iraquiano das operações pediu que as dezenas de milhares de civis que ainda estavam na cidade deixassem Fallujah.
Nas últimas semanas, as autoridades informaram sobre a saída de dezenas de famílias, mas o EI tentou impedir os civis de abandonar a cidade, que antes contava com cerca de 300.000 habitantes. Paralelamente, as forças pró-governamentais foram acusadas de impedir a entrada de comida e remédios em Fallujah.
A ONU está "muito preocupada" com a população civil de Fallujah, e considera que ainda há em torno de 50.000 pessoas na cidade e que seria "importante que os habitantes pudessem dispor de corredores seguros" para abandoná-la.
"Um dos problemas é que os civis se colocam em grave perigo quando tentam fugir (...). A situação é muito flutuante e, à medida que os combates continuam, os civis correm grandes riscos", declarou o porta-voz Stéphane Dujarric.
Fallujah foi uma das primeiras cidades a cair nas mãos do EI, em janeiro de 2014, no início de sua ofensiva no Iraque. Este reduto sunita da província de Al-Anbar se converteu posteriormente em uma de suas zonas fortes.
O grupo ultrarradical sunita tomou posteriormente o controle de várias zonas do território iraquiano no oeste e no norte de Bagdá.
A recuperação de Mossul, a segunda cidade do país, é um dos objetivos prioritários de Bagdá. As tropas iraquianas estão preparando sua reconquista, mas avançam lentamente e não está prevista nenhuma ofensiva.