Os ministros das Finanças da zona do euro garantiram nesta terça-feira (24/5) que esperam chegar a um acordo para avançar com o desembolso do programa de resgate da Grécia, advertindo ao mesmo tempo sobre as difíceis discussões envolvendo a dívida pública que o Fundo Monetário Internacional quer aliviar.
A reunião com os 19 ministros da Eurozona acontece dois dias depois de o Parlamento da Grécia aprovar uma nova série de cortes e aumentos de impostos, assim como um mecanismo de correção automática do déficit, medidas exigidas pelos sócios de Atenas para garantir que o país cumpra as metas.
A nova parcela aguardada pela Grécia pode chegar, segundo fontes europeias, a 10,3 bilhões de euros e é parte do terceiro programa de resgate, de 86 bilhões de euros, concedido ao país no ano passado.
As fontes explicaram que esse montante seria desembolsado em duas vezes: 7,5 bilhões de euros em junho e 2,8 bilhões em setembro.
"Ainda há algumas divergências. Estamos trabalhando nisso", disse um diplomata à AFP, após mais de sete horas de discussões entre os ministros.
A Grécia precisa da nova parcela para cumprir vários pagamentos importantes, que vencem em julho, com o Banco Central Europeu (BCE) - quase 2,3 bilhões de euros - e com o Fundo Monetário Internacional (FMI), por volta de ; 440 milhões.
Atenas já acumularia contas não pagas de quase 7 bilhões de euros, segundo as fontes.
"Espero que haja um total acordo entre as instituições para que possamos continuar com o programa", disse o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, ao chegar à reunião.
Dijsselbloem destacou o trabalho "muito importante desde o verão (do hemisfério norte) e nas últimas semanas" do governo grego, que promoveu "reformas, medidas difíceis".
O ministro da Economia alemão, Wolfgang Schauble, também se mostrou "confiante" sobre a possibilidade de um acordo que permita avançar com o programa.
"Espero que esse Eurogrupo dê um passo importante na (...) conclusão da primeira revisão do programa grego", disse o vice-presidente da Comissão Europeia, Valdis Dombrovskis.
Sem o FMI ;não há resgate; para a Grécia
Não há coesão no que se refere à dívida pública da Grécia, que o FMI pede que seja reduzida como condição para integrar o programa, como querem os europeus.
"O objetivo da reunião de hoje é chegar a um acordo com o FMI. (...) Não é uma opção continuar sem o FMI", disse Dijsselbloem, ressaltando que é preciso "ver o alívio da dívida".
O FMI considera que o atual nível da dívida, que chega a 180% do PIB, é insustentável.
Em um relatório de análise sobre a sustentabilidade da dívida grega, divulgado na segunda-feira, o FMI afirma que a Grécia precisa de uma redução incondicional da dívida. Se nada for feito, a dívida poderá chegar a 250% do PIB em 2060.
O Fundo adverte ainda sobre as metas econômicas pouco realistas da Comissão Europeia, de superávit primário de 3,5% em 2018 (excluídos os gastos com a dívida).
Para isso, a economia do país precisa ter um crescimento firme, o que não acontece em meio ao fraco crescimento europeu.
A Alemanha, maior potência econômica da zona do euro, é contrária à redução da dívida grega e argumenta que neste momento isso não é necessário, mas insiste na participação do Fundo.
"Sem o FMI não há programa", afirmou Schauble.
Ao chegar na reunião, o ministro eslovaco, Peter Kazimir, destacou que não seria "uma reunião fácil".
Atenas chega à reunião desta terça-feira com as medidas exigidas aprovadas pelo Parlamento.
Entre elas estão o chamado mecanismo automático de correção orçamentária, que será ativado caso o governo descumpra sua meta de superávit fiscal; a criação de um novo fundo para acelerar as privatizações; e o aumento do IVA para uma série de bens.