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Grécia evacua campo de refugiados de Idomeni, símbolo da crise migratória

Terminou. Não tem mais ninguém, apenas barracas de camping com material dos grupos de ajuda", explicou um oficial da polícia grega

Agência France-Presse
postado em 26/05/2016 17:14

A polícia grega completou, nesta quinta-feira, a evacuação do campo de refugiados de Idomeni, um dos símbolos da grande crise migratória na Europa, após retirar do local seus últimos 800 ocupantes.

"Terminou. Não tem mais ninguém, apenas barracas de camping com material dos grupos de ajuda", explicou um oficial da polícia à AFP.

Ao longo de três dias, a polícia grega transferiu cerca de 4.000 migrantes em ônibus de Idomeni, na fronteira com a Macedônia, até novos campos criados na área industrial de Salônica, nos arredores desta cidade, a segunda da Grécia.

Contudo, a maior parte das 8.400 pessoas que encontravam-se em Idomeni rejeitaram serem transportadas a novos campos oficiais.

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"A maioria deles se instalou no exterior de postos de gasolina e hotéis nas imediações ou foi para outros campos por conta própria", afirmou o oficial.

O campo de Idomeni havia se transformado em um triste símbolo do sofrimento humano e da incapacidade de uma Europa que lida com sua pior crise de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial.

O acampamento evacuado chegou a acolher 12.000 pessoas, que passaram o brutal inverno entre a chuva gelada e o barro, depois que a Macedônia e outros países dos Bálcãs fecharam suas fronteiras em meados de fevereiro para cortar pela raiz o fluxo de migrantes para o norte da Europa.

Condições ;desumanas;

As ONGs consideraram positiva a operação de evacuação em um primeiro momento, a alegria durou pouco ao constatar as condições do local para o qual foram transferidos os migrantes evacuados.

Poucas horas depois de abandonar o barro e a miséria do campo de Idomeni, Juan, sírio de Aleppo de 32 anos, mostrava-se consternado ao descobrir que vai viver em um depósito com mínimas condições, uma melhora discutível a respeito de seu último "lar".

"Não há comida, nem duchas, nem médicos suficientes. Não podemos nos alimentar apenas de biscoitos", disse à AFP diante do campo recém-aberto de Derveni, a uma dezena de quilômetros de Salônica.

A organização Save the Children foi a primeira a se queixar na quarta-feira: sua chefe de missão, Amy Frost, classificou de "desumanas" as condições do novo acampamento.

"Há muito pouca comida e água, e somente quatro banheiros incrivelmente sujos para 200 pessoas", assegurava em referência a um dos novos campos.

Na quinta-feira, se somava o grupo Internacional Rescue Committee, criticando que os serviços essenciais eram claramente "insuficientes".

"Talvez este seja um pouco melhor que Idomeni, mas não é uma solução, considerava Nidal, de 29 anos e também procedente de Aleppo.

"Estamos no meio de lugar nenhum", queixava-se Juan. "Não temos nem conexão com a internet. Eu tenho dois filhos de 8 e 11 anos. Serão escolarizados?", se perguntava preocupado.

De visita a Idomeni, o vice-ministro do Interior, Nikos Toskas reconheceu que "as condições ainda devem melhorar" nos novos centros.

"Estamos trabalhando nisso", informou à AFP uma fonte governamental. "Escolhemos estas instalações porque os próprios migrantes queriam ficar próximos da cidade", alegou este responsável.

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