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Barack Obama defende em Hiroshima um mundo sem armas nucleares

O presidente americano prestou uma homenagem cheia de emoção às vítimas do ataque nuclear nesta histórica visita a Hiroshima



Sob o tratado de segurança assinado entre os Estados Unidos e o Japão em 1951, cerca de 50 mil soldados americanos estão estacionados no arquipélago.

China descontente
O 44; presidente dos Estados Unidos havia advertido antecipadamente que não realizaria a viagem para fazer um julgamento sobre a decisão de seu antecessor, Harry Truman, ou para apresentar desculpas de uma forma ou de outra.

"É o trabalho dos historiadores fazer perguntas (...) mas eu sei, sendo eu presidente há sete anos e meio, que todo dirigente deve tomar decisões muito difíceis, especialmente em tempo de guerra", explicou.

Truman explicou que não tinha "nenhum arrependimento". Todos aqueles que o sucederam preferiram, enquanto estiveram no poder, questionar sua escolha.

Após a sua chegada à Casa Branca, Barack Obama fez da desnuclearização uma das suas prioridades. "Os Estados Unidos, o único país que já usou uma arma nuclear, tem a responsabilidade moral de agir", afirmou em abril de 2009 em Praga, denunciando a ideia de que devemos resignar-nos a um mundo onde "mais e mais países possuem ferramentas de destruição final".

Apesar de poder se dar o crédito de ter selado o acordo sobre o programa nuclear iraniano, concluído no verão de 2015, as discussões sobre o desarmamento nuclear com a Rússia de Vladimir Putin estão em ponto morto.

Esta visita de forte dimensão simbólica a esta cidade portuária localizada cerca de 700 quilômetros a sudoeste de Tóquio foi bem vista nos Estados Unidos e no Japão.

Nos Estados Unidos, apesar de algumas vozes inicialmente contrárias ao que tinham previamente descrito como "um giro de desculpas", os políticos eleitos, em geral, saudaram a iniciativa, impensável há décadas.

Mas a China, que teme que o Japão, enfatizando o trauma de Hiroshima e Nagasaki, tente apagar a sua própria crueldade cometida durante a guerra, advertiu contra uma visão parcial da história.

O ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yia, julgou que Hiroshima "merecia atenção". "Mas o massacre de Nanquim não deve ser esquecido", acrescentou, referindo-se aos assassinatos e estupros em massa cometidos por tropas japonesas durante a queda em 1937 do que era então a capital da China.