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Condenação histórica de ex-ditador do Chade é celebrada por vítimas

"Pinochet africano" esteve envolvido na morte de 40 mil pessoas

postado em 31/05/2016 07:10
Habré é escoltado por guardas das Câmaras Africanas Extraordinárias, em Dacar: crimes contra a humanidade, estupro, escravidão forçada, homicídios, prática maciça e sistemática de execuções sumárias, sequestro, tortura e atos desumanos

O ex-ditador do Chade, Hiss;ne Habré, foi condenado ontem à prisão perpétua por envolvimento em crimes contra a humanidade. Habré, de 73 anos, governou o país entre 1982 e 1990. Ele foi julgado por um tribunal no Senegal, onde se refugiou depois de ser derrubado por um dos ex-colaboradores, o atual presidente Idriss Deby Itno. Vítimas e familiares de cidadãos mortos durante o governo Habré acompanharam a leitura do veredito no tribunal e em transmissões ao vivo por tevê e rádio. A decisão da Corte, aguardada por mais de 25 anos, foi amplamente comemorada.

[SAIBAMAIS];Hiss;ne Habré, esta câmara o declara culpado de crimes contra a humanidade, estupro, escravidão forçada, homicídios, prática maciça e sistemática de execuções sumárias, sequestro, tortura e atos desumanos;, proclamou o juiz Gberdao Gustave Kam, presidente do tribunal especial, antes de anunciar a condenação. Em um dos momentos mais tocantes do julgamento, o tribunal ouviu o testemunho de Khadija Hassan Zidane, que disse ter sido estuprada pelo próprio Habré em diversas ocasiões.Pela primeira vez um ex-chefe de Estado foi julgado por uma Corte de outro país por violações de direitos humanos. O tribunal, chamado de Câmaras Africanas Extraordinárias (CAE), é fruto de um acordo entre o Senegal e a União Africana (UA). Ele foi questionado por Habré durante os nove meses de processo e dividiu opiniões sobre sua legitimidade.



Grupos de ativistas africanos defendem que o julgamento de líderes regionais acusados de crimes de guerra deve ser conduzido por tribunais montados no próprio continente. Eles cobram a criação de uma Corte permanente para avaliar esse tipo de violação, em vez de deixá-las sob responsabilidade do Tribunal Penal Internacional (TPI), sediado em Haia, na Holanda. O caso do ex-ditador chadiano não poderia ser julgado pelo TPI porque seus crimes antecederam a criação da Corte.;Este é o culminar de uma longa e amarga luta contra a impunidade.

Hoje, a África venceu;, declarou Clemente Abaifouta, presidente da Associação de Vítimas de Crimes do Regime Habré (AVCRHH). ;Agradecemos ao Senegal e à África, que julgou a África;, acrescentou. O presidente da Associação de Vítimas do Chade (AVCRP), Souleymane Guengueng, que por mais de duas décadas trabalhou recolhendo testemunhos e lutando pelo julgamento de Habré, externou ;satisfação total; pela condenação. ;É preciso que isso sirva de lição para outros ditadores;.



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