postado em 03/06/2016 11:59
Pelo menos 100 lugares na Argentina fazem, nesta sexta-feira (3/6), mobilizações com o tema Ni Una a Menos (Nem Uma a Menos em tradução livre). O ato principal será em frente ao Congresso Nacional argentino e pretende reunir uma multidão, como ocorreu na primeira marcha, no ano passado.O convite formal para as manifestações foi feito hoje, em coletiva de imprensa organizada por vítimas da violência de gênero e familiares de mulheres vítimas de feminicídios. Em uma sala na Câmara dos Deputados argentina, onde ocorreu a coletiva, as mães, irmãs e amigas de Barbara Toledo, Laura Iglesias, Judith Gimenez e Suhene Carvalhae seguravam fotos delas, todas assassinadas.
Nora Cortiñas e outras Mães da Praça de Maio ocuparam um lugar central na reunião com famílias e vítimas de violência, membros do coletivo Nem Uma a Menos, deputadas e dirigentes de organizações sociais.
;Voltamos a marchar, motivadas pelas centenas de milhares de pessoas sensibilizadas que saíram às ruas no ano passado;, disse a jornalista e escritora Florencia Abbate, do coletivo Nem Uma a Menos. Florencia leu um documento e lembrou que a titular do Conselho Nacional de Mulheres, Fabiana Tuñez, confirmou que em julho vai apresentar um Plano Nacional de Ação para a Prevenção, Assitência e Erradicação da Violência contra as Mulheres.
O plano está contemplado na Lei 26.485, sancionada em 2009, para articular políticas públicaas relacionadas a esta violação de direitos. "Exortamos aos deputados e deputadas que apoiem o plano e solicitamos que se implemente apoio legal gratuito para as vítimas de violência de gênero, que é lei do Congresso;, disseram as organizadoras.
[SAIBAMAIS]Também reiteraram o pedido para que se anule a sentença que condenou a jovem Belém a oito anos de prisão por homicídio, depois da jovem ter sofrido um aborto espontâneo, em 2014, em um hospital tucumano. As mulheres também pediram ao Congresso que regulamentem a interrupção voluntária da gestação.
Outras demandas do grupo pediam à Justiça pelo fim da discriminação; a políticos para frear a conivência com redes de tráfico de pessoas; além de pedirem ;visibilidade às violências sofridas por lésbicas, travestis e transexuais;.
Quando as mães de mulheres assassinadas começaram a se pronunciar, o clima foi de comoção e todas choraram ao relatar os atos violentos que vitimaram suas filhas. ;Minha filha não vai voltar, mas estou aqui e nesta sexta-feira marcho por cada uma de nós. Que não nos maltratem, que não nos menosprezem por sermos mulheres!”, pediu Catarina Cavalhae, mãe de Suhene.
"Somos a voz de nossas filhas que já não estão ente nós;, disse Gumercinda Gimenez, mãe da jovem Judith, assassinada em 2007.
"Minha mãe tem a sorte de me ter aqui. Meu ex-companheiro não conseguiu me matar;, disse Romina Meneghini, que chegou apoiada nas muletas que usa depois de ter sido baleada pelo ex-marido e passar por 56 cirurgias e três ataques cardíacos. O ex-companheiro de Romina está solto.
Em Buenos Aires, a concentração para a marcha será às 17h no Congresso Nacional, de onde sairão para a Praça de Maio. Representantes de organizações não governamentais de mulheres, de diversidade sexual, de direitos humanos, sindicatos, e partidos políticos também apoiam a manifestação.
"Esperamos todos para esta marcha que tem apenas uma bandeira: Nem Uma a Menos, Nunca Mais, porque Nos Queremos Vivas;, foi o convite das sobreviventes e de todos que perderam suas filhas para assassinos.