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Brexit assume vantagem nas pesquisas e derruba a cotação da libra

Uma das pesquisas incluída no estudo, do instituto YouGov, mostra os partidários da saída com 45% das intenções de voto, contra 41% dos partidários da permanência e 11% de indecisos

Agência France-Presse
postado em 06/06/2016 13:51
Os britânicos partidários da saída da União Europeia (UE) no referendo de 23 de junho aparecem na liderança das pesquisas pela primeira vez em um mês, o que provocou a queda da cotação da libra esterlina.

De acordo com a média das pesquisas, elaborada pelo instituto de opinião What UK Thinks, os partidários da saída do bloco, mais conhecida como Brexit, lideram por 51% a 49%, sem levar em consideração os indecisos, que segundo a maioria das pesquisas superam 10%. Há apenas duas semanas, a vantagem da permanência na UE era de 55% a 45%.

Uma das pesquisas incluída no estudo, do instituto YouGov, mostra os partidários da saída com 45% das intenções de voto, contra 41% dos partidários da permanência e 11% de indecisos.

O avanço dos partidários do Brexit coincide com o protagonismo da imigração na campanha eleitoral, consequência do forte aumento da chegada de imigrantes, apesar da promessa do governo conservador de David Cameron de conter o fluxo. Uma parte da população atribui à imigração a saturação em escolas e hospitais, e o encarecimento das moradias.

"Não temos absolutamente qualquer controle sobre as pessoas que se dirigem dos outros que 27 países da UE, alguns com antecedentes penais", disse o ex-prefeito de Londres e deputado conservador Boris Johnson, em um encontro dos partidários por tirar o país da UE celebrado nesta segunda-feira.

Logo após a divulgação das pesquisas, a libra caiu para operar em queda, a 1,4353 dólar, o menor nível em três semanas, e a 79,05 pence por euro. "As pesquisas continuam sendo um motor da moeda, que este mês enfrenta um elevado nível de incerteza", afirmou a analista Ana Thaker, da PhillipCapital UK, que prevê flutuações "ainda mais acentuadas" com a aproximação do referendo.

"As pesquisas estão tendo um impacto significativo na libra", concordou Craig Erlam, da Oanda, uma empresa de corretagem.



Campanha cada vez mais violenta
A campanha adquiriu nos últimos dias um tom mais violento, como demonstram as acusações do ex-primeiro-ministro John Major aos conservadores que desafiaram Cameron e pedem a saída da UE, como Boris Johnson ou o atual ministro da Justiça, Michael Gove. Major disse à BBC que os colegas mencionados falam coisas que "sabem que são falsas", como a de que o Brexit não teria um impacto econômico.

"É uma campanha desonesta. Estou irritado com o modo como estão enganando os britânicos", afirmou. Major, que foi chefe de Governo de 1990 a 1997, condenou em particular a ideia de limitar a chegada de imigrantes europeus, algo que segundo ele "beira o miserável".

Sindicatos pedem voto a favor da UE
Os líderes dos dez principais sindicatos britânicos pediram aos seus 6 milhões de membros que votem a favor da permanência do país na União Europeia no referendo de 23 de junho. Em uma carta publicada no jornal The Guardian, os líderes consideraram que "os benefícios sociais e culturais de permanecer na UE superam as vantagens de sair".

Entre os signatários estão Len McCluskey, secretário-geral do Unite (multissetorial); Dave Prentis, da Unison (funcionalismo público); Tim Roache, GMB (multissetorial); Manuel Cortes, de TSSA (Transportes); John Smith, do Sindicato dos Músicos; Dave Ward, do CWU (Comunicações e Correios); Matt Wrack, FBU (bombeiros); John Hannet, do USDAW (comércio); Gerry Robinson, BECTU (TV, filmes, shows), e Roy Rickhuss, Community (multissetorial).

Os signatários dizem que a cooperação entre os sindicatos europeus permitiu a inclusão na legislação europeia de direitos valiosos para os trabalhadores, como a "licença maternidade e paternidade, igualdade de tratamento aos trabalhadores de tempo integral, parcial e terceirizados, assim como o direito a férias remuneradas".

"Se o Reino Unido sair da UE, não temos dúvidas de que tais proteções sofreriam uma grande ameaça", afirmaram os sindicatos, que acreditam que o governo conservador tentaria eliminar ou reduzir tais direitos após o rompimento com o bloco.

"A decisão que os britânicos são chamados a tomar em 23 de junho não deve ser tomada de ânimo leve, e pedimos a nossos membros que votem a favor da permanência", conclui a carta.

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