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Chefe de rede de tráfico de migrantes é extraditado para a Itália

Medhanie Yehdego Mered, de 35 anos, procurado desde 2015 por tráfico de seres humanos, foi preso no final de maio em Cartum e extraditado para a Itália na segunda-feira à noite

Agência France-Presse
postado em 08/06/2016 15:35

Roma, Itália - Um eritreu suspeito de ser o chefe de uma das maiores redes de atravessadores de migrantes foi preso no Sudão e extraditado para a Itália, informaram nesta quarta-feira as autoridades italianas.

Medhanie Yehdego Mered, de 35 anos, procurado desde 2015 por tráfico de seres humanos, foi preso no final de maio em Cartum e extraditado para a Itália na segunda-feira à noite. Ele é suspeito de enviar cerca de 8.000 pessoas ao ano para o continente europeu.

"Ele não apenas dirigia operações na África, mas também informava seus companheiros na Itália sobre a chegada de barcos para permitir que os migrantes continuassem viagem até seu destino final", indicou a polícia italiana.

Sua prisão é "um ponto de virada na luta contra o tráfico de seres humanos", comemorou o procurador de Palermo (Sicília), Francesco Lo Voiu, encarregado da investigação.

A Itália já prendeu centenas de migrantes suspeitos de cumplicidade com as redes de atravessadores e julgou dezenas deles, mas esta é a primeira vez que um líder do tráfico de seres humanos é preso na África e extraditado.

A polícia divulgou um vídeo do pouso do avião, em que é possível ver um homem relativamente pequeno, acompanhado de dois agentes, vestindo uma camisa vermelha.



De acordo com uma declaração conjunta do ministério sudanês do Interior e das embaixadas da Itália e do Reino Unido em Cartum, ele é suspeito de ser o líder de "uma das quatro maiores organizações criminosas de tráfico de migrantes".

De acordo com escutas telefônicas, ele era apelidado de "General" por causa do controle que exercia sobre uma vasta zona.

Os investigadores suspeitam que ele organizou a partir de 2013 as viagens, muitas vezes fatais para a Europa, de centenas de pessoas por mês, na maioria homens jovens da Etiópia, Eritreia, Somália e Sudão, através do Saara e do Mediterrâneo.

Sua rede é especificamente acusada de organizar a partida de um barco que pegou fogo e afundou em outubro de 2013 ao largo da ilha italiana de Lampedusa, deixando mais de 356 mortos.

Segundo a agência da ONU para os Refugiados (Acnur), aproximadamente 48.500 pessoas chegaram na Itália pelo mar este ano. E desde 2014, mais de 10.000 pessoas morreram na tentativa de cruzar o Mediterrâneo.

Nesta quarta, a organização Médicos Sem Fronteiras salvou 226 pessoas, e citou um dos migrantes que disse que "estamos felizes de estarmos vivos, mas nossos irmãos continuam na Líbia".

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