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Simpatizantes de Hillary buscam apoio de Sanders para impulsionar campanha

Rival da ex-secretária de Estado vai se reunir hoje com o presidente Barack Obama, que deve adotar a posição de conciliador

postado em 09/06/2016 06:00

Sanders, ao embarcar de Los Angeles para Vermont, após derrota: %u201CNão permitiremos que os republicanos da direita controlem nosso governo%u201D


Depois de Hillary Clinton cantar vitória na disputa pela nomeação democrata para a corrida à sucessão presidencial, as atenções se voltaram para o jogo de sedução entre a campanha da ex-secretária de Estado e do senador Bernie Sanders. Enquanto os simpatizantes de Hillary buscam conquistar o apoio do senador progressista e dos eleitores, Sanders deve tentar barganhar espaço na campanha para as eleições gerais de novembro. Hoje, ele é esperado na Casa Branca para uma reunião com o presidente Barack Obama. A expectativa é de que o mandatário atue como conciliador.

Apesar de Sanders não ter dado sinais de que se dará por vencido antes da convenção nacional democrata ; que deve ocorrer entre 25 e 28 de julho, na Filadélfia ;, a movimentação do senador indica que as tratativas sobre uma possível declaração de apoio à ex-secretária de Estado estão a todo vapor. Em sua página no Twitter, o senador deu sinais de que o ponto de congruência entre as duas campanhas deve ser o combate ao virtual candidato republicano Donald Trump. ;Não permitiremos que os republicanos da direita controlem o nosso governo. Isso é especialmente verdade com Donald Trump como candidato republicano;, escreveu. Segundo Sanders, no começo da campanha, sua candidatura era considerada minoritária, mas essa noção ;mudou um bocado;. ;Devemos lembrar que mudanças quase nunca ocorrem do topo. Eles acontecem de baixo para cima;, escreveu.

[SAIBAMAIS]No discurso em que comemorou a conquista do número mínimo de delegados para assegurar a nomeação governista, Hillary fez questão de elogiar o ;extraordinário; desempenho do concorrente e de enaltecer as propostas e críticas levantadas por ele durante a campanha.

A aproximação entre os dois aspirantes à presidência, no entanto, é delicada. O senador, que se autodefine como ;socialista democrata;, sustentou a campanha com um discurso crítico ao sistema político norte-americano e à influência de grandes fortunas nas campanhas. Embora Hillary tenha como trunfo o ineditismo de ser a primeira mulher a disputar o comando do Executivo por um grande partido, parte dos eleitores de Sanders a enxergam como um símbolo do establishment político americano.

Unificação
David Andersen, professor de ciência política da Iowa State University, observa que a determinação de Sanders de permanecer na disputa até a convenção nacional é incomum nos processos de escolhas de candidatos às eleições. ;Ele está prestes a se tornar muito influente no partido se ele trabalhar para unificar seus apoiadores ao redor de Hillary, mas pode ser marginalizado, se continuar a atacá-la;, pondera.

Segundo o jornal The Washington Post, nomes de peso do partido ; como o vice-presidente, Joe Biden; a senadora Elizabeth Warren; o líder da bancada governista no Senado, Harry Reid; e o próprio presidente Obama ; devem desempenhar papéis-chave para promover a unificação das bases eleitorais. A reunião entre Obama e Sanders foi solicitada pela equipe do senador, segundo informações da Casa Branca. Os dois haviam se falado por telefone no domingo. Na noite de terça-feira, o presidente ligou para Sanders e para Hillary, a fim de parabenizá-los pelas ;campanhas inspiradoras;.

Apesar de a declaração de apoio de Obama a Hillary ser esperada para os próximos dias, a Casa Branca indicou que nenhum anúncio deve ser feito antes do encontro entre o presidente e o senador. Biden contribui para o cortejo a Sanders publicamente, ao afirmar, em sessão conjunta do Congresso, que os democratas deveriam ser ;gratos; ao pré-candidato e considerar que caberia a ele decidir o momento de assumir a derrota. Em um e-mail enviado aos seguidores ontem, Sanders reitera que ;a batalha continua;. Apesar de ele continuar a pedir doações de campanha, o jornal The New York Times informou que sua equipe deve ser reduzida pela metade.


Elogios
da oposição


O discurso de vitória da virtual candidata à Presidência dos Estados Unidos pelo Partido Democrata, Hillary Clinton, recebeu elogios até de membros da oposição. O ex-líder da bancada republicana na Câmara dos Deputados Newt Gingrich considerou ;espetacular; a fala da ex-secretária de Estado. ;Nenhum conservador e nenhum republicano deve presumir que ela será fácil de superar;, observou. Para Gingrich, o discurso de Hillary foi ;bastante eficiente;, e a campanha de Donald Trump deveria se preocupar em como lidar com a concorrente. O atual secretário de Estado americano, John Kerry, reagiu ao discurso considerando que a democrata é uma ;grande candidata; e pode ser uma ;presidente fantástica;.


Forças e fraquezas

Hillary e Trump pertencem à mesma geração, mas estão em dois polos distintos na corrida pela Casa Branca. Os candidatos virtuais dos partidos Democrata e Republicano trilharam caminhos marcados por posições políticas particulares a cada um


HILLARY CLINTON

Preparada, mas pouco querida

Primeira mulher
;Se Hillary Clinton vencer, serão dois presidentes seguidos que não terão sido homens brancos;, destaca Jennifer Lawless, especialista sobre temas de mulheres na política da American University. Ao assumir o papel de pioneira, Hillary pode maximizar a participação das mulheres democratas e de alguns homens. ;É necessário um toque feminino;, comentou o ator Ryan Gosling à revista Evening Standard. ;Na minha casa, agora, quase todos são mulheres. Elas são melhores que nós. Tornam-me melhor;, acrescentou.

Currículo
Quando ainda se chamava Hillary Rodham, ela se envolveu na causa das mulheres e das crianças. Advogada brilhante, se converteu na companheira política de Bill Clinton, antes de se lançar, com seu próprio nome, e de se tornar senadora e secretária de Estado. ;Agora mesmo não há ninguém mais qualificado que ela para ser presidente;, afirmou a investigadora criminal Linda Rosel, admiradora da democrata.

Escândalos
A experiência vem acompanhada de problemas mais ou menos manipulados pelos republicanos, que forjaram, desde a década de 1990, a imagem de uma mulher com amizades suspeitas e uma ética errante. Desde o caso imobiliário ;Whitewater;, do qual os Clintons foram absolvidos, ao de e-mails privados que Hillary usou em sua passagem pelo Departamento de Estado e que lhe valeu uma investigação do FBI, as histórias contribuíram para fazer dela a candidata democrata mais impopular da história recente. ;Quando uma pessoa é atacada tanto quanto ela por defender convicções, acaba pagando um preço;, alegou Robby Mook, seu diretor de campanha.

Oratória
;Não tenho um dom inato para a política, caso não tenham notado, diferentemente do meu marido ou do presidente Obama;, admitiu Hillary Clinton, em março. Seus discursos, com frequência, são exaustivos e detalhados, mas positivos. No entanto, os americanos elegeram anteriormente um presidente com uma capacidade oratória medíocre; o general Dwight Eisenhower, em 1952.

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