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Grupo radical curdo reivindica atentado de Istambul

O primeiro-ministro Binali Yildirim descartou um diálogo com o PKK depois destes dois atentados

Agência France-Presse
postado em 10/06/2016 11:38
Ancara, Turquia - Um grupo radical próximo aos rebeldes do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), os Falcões da Liberdade do Curdistão (TAK), reivindicou nesta sexta-feira (10/6) o atentado que deixou 11 mortos em Istambul e advertiu aos turistas que a Turquia "não é um país seguro".

"No dia 7 de junho pela manhã, cometemos um ataque contra a polícia antidistúrbios (...) para vingar a guerra suja travada no Curdistão" pelas forças turcas no sudeste do país, de maioria curda, disse este grupo em uma declaração pela internet.

"Queremos advertir aos turistas estrangeiros na Turquia e aos que queiram ir lá: os estrangeiros não são nossos alvos, mas a Turquia não é um país seguro para eles", afirma a organização.

Os TAK nasceram há dez anos de uma cisão no movimento rebelde curdo, o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), fundado por Abdullah Ocalan, que cumpre desde 1999 uma pena de prisão na Turquia.

O grupo acusa o Partido da Justiça e do Desenvolvimento (islamita conservador) do presidente Recep Tayyip Erdogan, à frente do país desde 2002, de ser "o responsável pelas baixas civis" por ter "imposto uma guerra brutal ao povo curdo", em resposta à ofensiva das forças de segurança turcas no sudeste do país.

O atentado com carro-bomba de terça-feira em Istambul deixou 11 mortos. Outro ataque cometido na quarta-feira, também com carro-bomba, contra uma delegacia de Midyat, uma localidade do sudeste de Anatolia próxima à fronteira síria, deixou seis mortos, três deles policiais. O PKK o reivindicou na quinta-feira.



O primeiro-ministro Binali Yildirim descartou um diálogo com o PKK depois destes dois atentados. O país sofreu neste ano vários ataques cometidos por jihadistas e outros vinculados ao conflito curdo que deixaram dezenas de mortos e enfraqueceram o turismo, um setor chave da economia.

"Nos últimos dias recebemos a informação da organização terrorista (PKK), de forma direta ou indireta, dizendo: ;Podemos negociar, podemos depor as armas, vamos conversar;", declarou na quarta-feira o primeiro-ministro.

"Amigos, não há o que conversar", acrescentou, citado pela agência de notícias Anatolia. Yildirim lidera o governo desde maio, substituindo Ahmed Davutoglu. Costumava ser favorável à retomada do diálogo com os independentistas curdos, mas agora comunga com a linha dura do presidente.

Erdogan advertiu nesta semana que a luta contra os insurgentes curdos continuará "até o apocalipse", em um discurso pronunciado depois do atentado com carro-bomba em Istambul.

O sudeste da Turquia vive ao compasso dos confrontos diários entre as forças de segurança turcas e os rebeldes desde a retomada das hostilidades no verão de 2005. Colocavam fim a dois anos de negociações de paz entre Ancara e o PKK para acabar com a rebelião que deixou 40.000 mortos desde 1984.

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