Agência Estado
postado em 10/06/2016 17:11
Pessoas que se curaram da lepra se pronunciaram contra a exclusão e o estigma que ainda os perseguem nos seus países de origem durante um congresso celebrado nesta sexta-feira no Vaticano.
A lepra, ou hanseníase, é curável e foi praticamente erradicada em algumas partes do mundo graças a um tratamento eficaz e barato desenvolvido nos anos 1980.
A cada ano, porém, cerca de 200.000 pessoas contraem a doença, principalmente no Brasil, na Índia e na Indonésia. E o estigma ancestral perdura, mesmo anos após a cura.
"Aos 14 anos fui diagnosticado com lepra. Meus pais me amavam e, para que eu não fosse queimado ou ferido, me encerraram em casa", contou Yuan Yahua, nascido em uma família camponesa na China.
Já Vagavathali Narsappa, indiano à frente de uma associação de ex-doentes, foi rejeitado pelos pais. Só voltou a ver sua irmã décadas após o diagnóstico, quando ela ficou sabendo que seus filhos e netos tinham nascido saudáveis.
O japonês Natsuko Tominaga, de 80 anos, preferiu ficar 60 anos em um leprosário (estabelecimento onde se tratam leprosos) apesar de ter se curado aos 18 anos. Queria ajudar aqueles que considerava como sua nova família.
Mais de 200 pesquisadores e pacientes participaram deste congresso de dois dias realizado em um instituto do Vaticano.
"A exclusão continua", declarou à AFP o presidente do diretório da Fundação Raoul Follereau, Michel Recipon, que ressaltou, por outro lado, o comprometimento dos ex-doentes.
"Quando param de ter medo, começam a defender seus colegas", disse.
Além dos participantes do congresso, cerca de 20.000 doentes e deficientes participam do seu jubileu, que será concluído no domingo com uma missa do Papa Francisco.