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Ataque a boate gay nos EUA mostra as diferenças entre Hillary e Trump

postado em 14/06/2016 06:00



Envoltos pela comoção em torno do massacre na Flórida, os principais concorrentes à sucessão presidencial nos Estados Unidos colocaram o incidente em debate e fizeram apelos por medidas distintas de resposta à violência armada. Enquanto a candidata democrata, Hillary Clinton, contou com o respaldo da Casa Branca para clamar por mais restrições ao acesso dos cidadãos a armas e fogo, o republicano Donald Trump defendeu a suspensão da entrada de imigrantes que já passaram por países considerados redutos de organizações terroristas. ;Quando for eleito, suspenderei a imigração a partir de regiões do mundo com histórico comprovado de terrorismo contra os Estados Unidos, a Europa ou nossos aliados, até que saibamos completamente como acabar com essas ameaças;, prometeu o candidato opositor.

Trump considerou a chacina ;um ataque contra o direito de cada americano a viver em paz e em segurança;. O magnata do setor imobiliário exortou à união entre os cidadãos do país e criticou o presidente Barack Obama e a candidata governista à sucessão, Hillary Clinton, por defenderem políticas e posicionamentos que tonariam os EUA ;menos seguros; e aumentariam a possibilidade de atentados em território americano. ;Hillary nunca poderá se declarar amiga da comunidade gay enquanto apoiar políticas de imigração que tragam extremistas islâmicos ao nosso país;, denunciou.

Em entrevista à rede de televisão Fox News, o republicano insinuou que o próprio presidente Obama tivesse algum tipo de conexão com o ataque. ;Somos liderados por um homem que não é duro, não é inteligente nem tem algo mais em mente;, especulou. ;Há algo acontecendo.; Diante da repercussão de suas declarações, a equipe de campanha do republicano cancelou as credenciais de jornalistas do Washington Post, alegando que a equipe foi ;desonesta; com a interpretação de sua fala.

Do lado governista, Hillary salientou que o discurso de ódio não era a resposta correta para um ato de ódio. ;A retórica anti-islã fere a maioria dos muçulmanos que amam a liberdade e odeiam o terror. Isso é errado e perigoso;, considerou ex-secretária de Estado. A democrata, porém, endureceu o tom contra os governos da Arábia Saudita, do Catar e do Kuwait, ao cobrar que esses países impeçam o financiamento de organizações terroristas por parte dos cidadãos. ;É preciso parar de apoiar escolas e mesquitas radicais que levam muitos jovens para o caminho do extremismo;, exortou.

Controle de armas

A afirmação de Hillary faz parte das diretrizes de seu plano de combate à ameaça terrorista em solo americano e no exterior. Diante de mais um massacre, ela voltou a defender a aplicação de regras mais duras para a compra de armas e munição. ;Se você é considerado muito perigoso para subir em um avião, também deve ser considerado perigoso para comprar armas nos EUA;, argumentou.

A ampliação dos controles sobre o acesso a armas de fogo é uma medida defendida pelo presidente Obama, mas ficou travada no Congresso americano, em meio à pressão da indústria de armas. Ontem, a Casa Branca voltou a instar o Legislativo a aprovar a legislação que impede que pessoas consideradas perigosas comprem armas de fogo.

Em conversa com jornalistas, Obama considerou ;loucura; que um indivíduo perigoso possa comprar uma arma e as autoridades nem sejam alertadas sobre isso. ;É um problema e nós temos de fazer algum tipo de busca profunda;, sugeriu. O presidente, no entanto, ressaltou que o debate sobre venda e porte de armas costuma cair em um impasse político. ;Estamos fazendo com que seja fácil para indivíduos que são atormentados ou querem realizar atos violentos ter acesso rápido a armas muito poderosas. Isso é um problema;, ponderou.

Yann Duzert, professor de relações internacionais da Fundação Getulio Vargas (FGV), observa que, além de polarizar o debate eleitoral, a questão da segurança está diretamente ligada ao lobby da indústria de armas. ;A indústria bélica americana percebeu que o eleitor não gosta mais de guerras no exterior, mas gosta de proteção no interior;, explica. ;Trump valoriza esse setor com o discurso de construir uma América forte e agressiva contra um inimigo;, avalia.

Para Duzert, atentados como o ocorrido na Flórida podem provocar divisões profundas e promover a radicalização dos cristãos nos EUA.

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