Agência France-Presse
postado em 15/06/2016 11:14
Mais de 50 organizações sírias da oposição acusaram nesta quarta-feira (15/6) a ONU de "capitular" frente ao regime em relação ao acesso da ajuda às vítimas do conflito na Síria. Um total de 55 organizações hostis ao regime, entre elas os "capacetes brancos", que são a defesa civil nas zonas rebeldes, ou o centro de documentação de violações, assinaram um texto de 50 páginas escrito pela Syria Campaign.Com base em entrevistas de membros da ONU e outros funcionários, o relatório revela que a ação da ONU na Síria "viola os princípios humanitários e pode avivar o conflito". Concretamente, o texto, muito crítico, afirma que a ONU "perdeu de vista os valores humanitários vitais da imparcialidade, independência e neutralidade".
"Há um fracasso sistemático na resposta da ONU. Ao invés de basear sua ação nas necessidades (da população), estabelece um programa de um milhão de dólares, amplamente controlado pelo regime e seus mandatários", afirma Roger Hearn, chefe da agência da ONU de ajuda aos refugiados palestinos (UNRWA).
Segundo o relatório, em abril de 2016, 88% das entregas de alimentos ocorreram em regiões controladas pelo regime e 12% em setores fora de seu controle. Milhares de civis se encontram sitiados em sua maioria por forças governamentais, sem acesso a comida e ajuda médica.
Para poder entregar ajuda nas regiões controladas pelo regime, Damasco exige da ONU e das ONGs presentes um pedido de autorização em quatro etapas, um processo que, segundo as denúncias, acabam sempre em negativa. Em função disso, o coordenador humanitário da ONU na Síria, Yaacoub El Hillo, afirmou que seria um "suicídio" enviar comboios humanitários sem autorização do governo.