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OEA convoca reunião com mediadores do diálogo a pedido da Venezuela

O trio promove um diálogo entre a oposição e o governo venezuelanos, a pedido a União de Nações Sul-Americanas (Unasul). Esse diálogo foi posto sobre a mesa como uma alternativa, depois que o secretário-geral da OEA, Luis Almagro, invocou a Carta Democrática Interamericana em 31 de maio passado

Agência Estado
postado em 15/06/2016 16:19

A Organização dos Estados Americanos (OEA) convocou nesta quarta-feira a sessão de seu Conselho Permanente para a próxima terça (21), em Washington, dois dias antes da reunião já pautada, para debater o estado da democracia na Venezuela e receber os mediadores do diálogo no país.

A reunião de 21 de junho tem "o objetivo de receber os senhores ex-presidentes José Luis Rodríguez Zapatero [Espanha], Leonel Fernández [República Dominicana] e Martín Torrijos [Panamá]", informa um documento da OEA obtido pela AFP durante a Assembleia Geral da organização em Santo Domingo.

O trio promove um diálogo entre a oposição e o governo venezuelanos, a pedido a União de Nações Sul-Americanas (Unasul). Esse diálogo foi posto sobre a mesa como uma alternativa, depois que o secretário-geral da OEA, Luis Almagro, invocou a Carta Democrática Interamericana em 31 de maio passado.


Já estava programada a sessão do Conselho Permanente de 23 de junho, na qual os 34 membros da OEA decidirão se implementam - e, em caso afirmativo, em qual medida - a Carta Democrática.

A ministra venezuelana das Relações Exteriores, Delcy Rodríguez, informou ontem que havia pedido a realização de uma sessão prévia - a do dia 21 - "para levar novamente a verdade da Venezuela".

Uma fonte da OEA disse à AFP que essa sessão é vista por Almagro como "um passo que talvez possa agregar valor à reunião do dia 23, no sentido de que os ex-presidentes forneçam informação nova sobre o avanço que fizeram".

A Assembleia Geral da OEA está reunida desde segunda-feira (13) para discutir o desenvolvimento sustentado na região, mas a crise política, econômica e humanitária na Venezuela concentra as atenções nos bastidores. Hoje é o último dia do encontro.

Nos corredores da Chancelaria dominicana, a delegação venezuelana tenta garantir os 18 votos de que necessita para bloquear a aplicação das medidas previstas na Carta Democrática, disse um diplomata de alto perfil à AFP.

Aproximação

Na terça, a Assembleia foi palco de uma aproximação entre Estados Unidos e Venezuela, quando os chefes da Diplomacia de ambos os países, John Kerry e Delcy Rodríguez, tiveram uma inédita reunião.

"Acredito que seja mais construtivo dialogar do que isolar", disse Kerry aos jornalistas, ao manifestar seu desejo de que isso leve a superar "a velha retórica".

Quase ao mesmo tempo, Nicolás Maduro dizia na Venezuela: "Eles propuseram que iniciemos uma nova etapa de diálogo (...) e eu disse à chanceler: ;aprovado;".

As relações entre os dois países se encontram bastante deterioradas, sem embaixadas nas respectivas capitais desde 2010.

A chanceler argentina, Susana Malcorra, e o subsecretário brasileiro das Relações Exteriores Fernando Simas Magalhães falaram hoje na plenária da assembleia sobre desenvolvimento sustentado sem se referir, porém, à Venezuela - como se esperava.

Malcorra foi acusada de manter uma relação ambígua com esse país para não pôr em risco sua candidatura à secretaria-geral da ONU.

Já o Brasil, mergulhado em uma grave crise política e em meio ao governo interino de Michel Temer, não manifestou sua posição sobre o tema.

A favor do diálogo

Se algo ficou claro é que os países americanos apoiam, monoliticamente, um diálogo entre oposição e governo na Venezuela e se recusam a impor sanções, ou a suspender o país petroleiro da OEA.

"Não buscamos uma suspensão [da Venezuela da OEA]. Não acreditamos que seja construtivo", disse Kerry à imprensa.

De acordo com um diplomata consultado pela AFP, se for divulgada uma declaração sobre a Venezuela - ao fim da Assembleia em Santo Domingo -, será para incentivar o diálogo nesse país.

"A pergunta é por quanto tempo [apoiarão um diálogo] e, se não acontecer nada, os que os governos estão preparados para fazer depois disso", comentou o presidente do "think tank" americano Inter-American Dialogue, Michael Shifter.

"Pode se que seja necessário um acontecimento realmente trágico, ou desastroso na Venezuela, além do que já vimos, para catalisar uma resposta hemisférica mais contundente", acrescentou Shifter, em conversa com a AFP.

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