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Campanha do referendo britânico é suspensa por assassinato de deputada

A deputada britânica, de 41 anos, mãe de dois filhos, foi atacada a tiros em Birstall, no norte da Inglaterra, e morreu em decorrência dos ferimentos pouco depois, em um hospital de Leeds

Agência France-Presse
postado em 16/06/2016 13:29
A deputada britânica, de 41 anos, mãe de dois filhos, foi atacada a tiros em Birstall, no norte da Inglaterra, e morreu em decorrência dos ferimentos pouco depois, em um hospital de Leeds

Londres, Reino Unido
- A campanha para que o Reino Unido permaneça na União Europeia foi suspensa nesta quinta-feira em função do assassinato da deputada trabalhista Jo Cox.

A deputada britânica, de 41 anos, mãe de dois filhos, foi atacada a tiros em Birstall, no norte da Inglaterra, e morreu em decorrência dos ferimentos pouco depois, em um hospital de Leeds.

Cox era partidária da permanência do país na União Europeia e, segundo vários meios de comunicação, seu agressor gritou "Reino Unido primeiro", um lema da ultradireita britânica.

Outras duas pessoas ficaram levemente feridas no ataque cometido por um homem de 52 anos e identificado como Tommy Mair. O agressor foi detido pela polícia no local do ataque.



Após a notícia da morte, começaram a multiplicar as homenagens no Reino Unido e em toda a Europa.

Nos Estados Unidos, o secretário de Estado Jonh Kerry expressou seu "profundo pesar em ver que uma jovem parlamentar, que era uma jovem mulher com um talento imenso, foi morta no exercício de suas funções. É um ataque contra todos aqueles que consideram a democracia importante".

Por esta razão, "suspendemos todos os atos de campanha durante o dia. Nossos pensamentos estão com Jo Cox e sua família", afirmou a campanha "Vote In" em seu Twitter, antes da confirmação da morte da deputada.

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, também anunciou o cancelamento de um comício a favor da União Europeia em Gibraltar.

"A mim parece melhor que se tenha suspendido a campanha devido ao terrível ataque contra Jo Cox. Não irei ao comício desta noite em Gibraltar", escreveu no Twitter o primeiro-ministro, que já se encontra nesse encrave britânico no sul da Espanha.

Advertências contra o Brexit

Até o ataque contra Cox, o dia era agitado pela divulgação dos resultados de uma pesquisa dando aos partidários do Brexit uma vantagem no referendo.

O Fundo Monetário Internacional advertiu na quinta-feira que se o Reino Unido aprovar sua saída da União Europeia no referendo que será realizado na semana que vem, os mercados serão afetados, dificultando o crescimento econômico.

"Uma votação a favor da saída da UE poderá precipitar um período de alta incerteza, volatilidade nos mercados e um crescimento mais lento, enquanto que o Reino Unido negocie sua nova relação com a UE", disse Gerry Rice, porta-voz do FMI, em uma coletiva de imprensa.

Já a chanceler Angela Merkel declarou que não pode "imaginar que isso (a saída) seja uma vantagem" para os britânicos.

O Banco da Inglaterra (BoE) considerou, por sua vez, que "se o Reino Unido abandonar a UE, a libra esterlina cairá mais, ou até pronunciadamente".

O Financial Times, o jornal econômico britânico, declarou, sem surpresa, ser a favor da permanência na UE, uma posição contrária a do tabloide The Sun, que chamou seus leitores a escolher o Brexit.

"Abandonar a causa de uma reforma construtiva da Europa, que é verdade que é imperfeita, seria derrotista. Seria um ato gratuito de auto-mutilação", escreveu o Financial Times em seu editorial.

O jornal acusou ainda a campanha pelo Brexit de ser "superficialmente patriótica e mentirosa", principalmente por minimizar os custos da ruptura e dramatizar os da permanência.

Pesquisas e mercados


Muito esperada, a pesquisa Ipsos-Mori, realizada por telefone de 11 a 14 de junho com 1.257 pessoas, apontou pela primeira vez uma liderança do "Leave", com 53% contra 47% para o campo favorável à permanência do país no bloco europeu.

Há um mês, o mesmo instituto apontava o "remain" (permanecer) como vencedor, com 57% das intenções de voto contra 43%.

"Uma reviravolta sensacional", comentou o jornal Evening Standard, que nesta quinta-feira publicou a pesquisa, insistindo, no entanto, que "20% dos entrevistados disseram que ainda podem mudar de posição".

A pesquisa, que revela que a migração tornou-se a principal preocupação dos britânicos à frente da economia, reforça ainda mais a crescente ansiedade que começa a alcançar os círculos financeiros.

A Bolsa de Londres abriu novamente em baixa nesta quinta, com as posições dos principais bancos do Reino Unido vulneráveis e com muitas pessoas migrando para portos seguros, como títulos ou ouro. A Bolsa de Londres perdeu 300 pontos desde quarta-feira.

A libra caiu para 79,94 pence por um euro, o seu nível mais baixo em dois meses.

Em contrapartida, o ouro, um refúgio seguro, não para de aumentar e chegou nesta quinta-feira a US$ 1,313.65 a onça, seu mais alto nível desde agosto de 2014.

"O sentimento de aversão ao risco domina os mercados", disse Joe Rundle, da corretora ETX Capital.

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