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Heroína domina os mercados, apesar da queda da produção de ópio

Esta diminuição, assim como o máximo do ano anterior, é atribuída principalmente ao Afeganistão, principal produtor mundial de ópio (85% do total) e onde os cultivos foram reduzidos devido à má colheita

Agência France-Presse
postado em 23/06/2016 15:27

O cultivo mundial de ópio caiu mais de um terço em 2015, mas a heroína continua inundando os mercados mundiais devido às reservas existentes, afirma o relatório do Escritório das Nações Unidas contra a Droga e o Delito (ONUDC).

O texto destaca que a queda pronunciada de 38% observada no ano passado levou a produção mundial a 4.770 toneladas frente às 7.730 de 2014, ano em que o cultivo mundial de ópio alcançou um de seus maiores níveis desde os anos 1930.

Esta diminuição, assim como o máximo do ano anterior, é atribuída principalmente ao Afeganistão, principal produtor mundial de ópio (85% do total) e onde os cultivos foram reduzidos devido à má colheita.



No entanto, é pouco provável que esta diminuição leve a uma importante escassez no mercado mundial em função do alto nível de produção dos anos anteriores e dos estoques ainda existentes, segundo a ONU.

"Ainda há muita heroína no mercado", constata Angela Me, uma das autoras do relatório.

No Afeganistão, as superfícies cultivadas de dormideira, planta a partir da qual se fabrica a heroína, passaram de 224.000 hectares em 2014 para 183.000 em 2015.

Mas o impacto dos recordes de produção registrados em anos anteriores é notável entre os consumidores da Ásia - destino de dois terços dos produtos opiáceos do mundo -, da Europa e dos Estados Unidos, segundo a organização.

29 milhões de usuários

A oferta de heroína se alastrou nos Estados Unidos, onde o número de mortes por overdose dessa droga dobrou em dois anos, com 10.800 mortos em 2014, número inédito na última década.

O relatório afirma que o abastecimento de heroína nos Estados Unidos provém principalmente da América Central e da América do Sul.

A ONUDC também alertou sobre um aumento do comércio de heroína na Europa, devido ao grande número de confiscos realizados na França e na Itália.

Calcula-se que há 29 milhões de usuários de drogas pesadas no mundo, dos quais 17 milhões são viciados em opiáceos, como a heroína, o ópio e a morfina.

Em um relatório sobre o cultivo de papoula no México em 2014 e 2015, a ONUDC apontou uma área de cultivo de alto valor de até 28.100 hectares.

O cultivo se concentra nos estados de Sinaloa, Chihuahua e Durango - o chamado "Triângulo Dourado".

O relatório anual da ONUDC aponta, ainda, a América do Sul como a região onde se concentra praticamente todo o cultivo mundial de coca.

Segundo o texto, em 2013 o cultivo mundial de coca atingiu seu nível mais baixo desde 1990, provocando uma queda do consumo de cocaína na Europa e na América do Norte.

A Colômbia registrou, porém, um aumento de 44% na superfície cultivada de coca em 2014, uma evolução que pode estar relacionada com as negociações de paz entre o governo e a guerrilha das FARC, segundo a ONUDC.

De acordo com esta teoria, as FARC estariam estimulando os camponeses a cultivarem coca para poder se beneficiar dos programas de reconversão após a assinatura do acordo.

Já o consumo de maconha continua em aumento, com 183 milhões de usuários, principalmente nos Estados Unidos, África e Europa, que continua sendo um dos maiores mercados mundiais de cannabis, afirmou a organização da ONU.

A ONUDC expressou preocupação, ainda, com o surgimento de novas drogas. Desde 2008, foram detectadas 644 novas substâncias naturais e sintéticas, das quais 75 apareceram em 2015.

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