Apesar da pressão para que o Reino Unido não prolongue o cenário de incertezas com a saída da União Europeia (UE), decidida em referendo na semana passada, líderes da Alemanha, da Itália e da França descartaram a abertura de negociações sobre a questão até que Londres formalize o pedido de desligamento. Reunidos em Berlim, a convite da chanceler (chefe de governo) Angela Merkel, o primeiro-ministro Matteo Renzi e o presidente François Hollande discutiram as consequências da saída britânica e as prioridades para a UE. Embora Merkel tenha sinalizado que o trio compreende a necessidade de dar tempo para que o Reino Unido inicie o processo, Hol-lande considerou que o bloco ;não deve perder tempo; para responder aos desafios que surgem no horizonte.
Em pronunciamento conjunto, Merkel destacou o consenso entre os três sobre não promover discussões ;formais ou informais; sobre o Brexit ; acrônimo para british exit (saída britânica) ; até que Londres ative o artigo n; 50 do Tratado de Lisboa, que equivale a uma Constiuição da UE. Enquanto isso, Alemanha, França e Itália planejam propor aos demais países-membros que novas medidas sejam tomadas para impulsionar o projeto de integração continental. ;Nos próximos meses, vamos apresentar uma proposta a nossos colegas para dar um novo impulso ao projeto europeu, em diferentes âmbitos;, explicou a governante alemã.
Merkel destacou que alguns avanços nas áreas ;da defesa, crescimento, emprego e competitividade; eram analisados. O trio determinou como ;prioridades essenciais; a segurança interna e externa, com foco na luta contra o terrorismo, no desenvolvimento da defesa europeia e na vigilância das fronteiras externas. Como pano de fundo, a busca de ;uma economia forte e uma coesão social forte;.
A proposta deve começar a ser discutida amanhã, em Bruxelas, durante uma reunião de chefes de Estado e de governo. Na véspera, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, anunciou ao parlamento de seu país a criação de um departamento especial para que altos funcionários negociem questões complexas com a UE, e reiterou que o país não ativará o artigo n; 50, que estabelece o processo de desligamento de um membro do bloco, até que tenha ;uma visão clara dos novos acordos com os vizinhos europeus;.
Na tentativa de acalmar os mercados, o ministro britânico do Tesouro, George Osborne, afirmou que o Reino Unido está pronto para encarar o futuro em uma ;posição de força;. Segundo a rede britânica BBC, Osborne indicou que não haverá necessidade de um orçamento de emergência, mas que ;ajustes; econômicos serão feitos. ;Eu disse que tínhamos de consertar o telhado para estarmos preparados para qualquer que fosse o futuro. E, graças a Deus, o fizemos;, declarou.
Depois de a agência de classificação de risco Standard & Poors rebaixar a nota britânica de ;AAA; para ;AA;, foi a vez de a Fitch revisar a classificação do país, de ;AA%2b; para ;AA;. A graduação significa que novo rebaixamento pode ocorrer nos próximos meses.
Crise trabalhista
Em paralelo à ansiedade internacional com o futuro do Reino Unido, o país enfrenta um terremoto na política doméstica. Deputados da oposição trabalhista decidiram votar uma moção sobre a substituição de Jeremy Corbyn na liderança do partido. Após a vitória do Brexit no referendo da semana passada, parte da equipe do opositor se demitiu. Mesmo com a deterioração do apoio entre os correligionários, o líder trabalhista insistiu que não renunciará, mas a legenda precisa de apenas 51 nomes para aprovar a mudança no comando.
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