Agência France-Presse
postado em 01/07/2016 10:59
[VIDEO1]Istambul, Turquia - Os três suicidas do ataque ao aeroporto de Istambul, capturados por câmeras de segurança, planejavam tomar como reféns dezenas de viajantes dentro do terminal de Ataturk antes de detonar seus explosivos, informou nesta sexta-feira um jornal turco.
Três dias após o triplo atentado suicida que matou 44 pessoas e feriu mais de 260 no Aeroporto Internacional de Ataturk, o ataque - o quarto e o mais mortais em Istambul desde o início do ano - ainda não foi reivindicado, mas a identidade dos responsáveis começa a se revelar.
Vários meios de comunicação turcos publicaram imagens das câmeras de vigilância do aeroporto, mostrando três homens que usavam casacos escuros e, dois deles, bonés de beisebol. Segundo o jornal Sabah, próximo ao governo, o balanço do massacre poderia ter sido maior se os criminosos não tivessem sido interceptados na entrada do terminal por um oficial de polícia.
Nas imagens de segurança, é possível ver um policial à paisana pedir a um dos suicidades seus documentos e, em seguida, o mesmo agente de segurança, de joelhos sendo ameaçado com uma arma em frente aos elevadores. Os três homens-bomba, que se separaram antes de explodir-se em diferentes partes do aeroporto, também fizeram vítimas disparando suas metralhadoras. "Os casacos que vestiam para ocultar suas cargas explosivas, apesar do calor, chamaram a atenção de civis e de um oficial de polícia", indicou o jornal.
[SAIBAMAIS]Nesta sexta-feira, diplomatas de uma dúzia de país, vestidos de preto, prestaram homenagem às vítimas do atentado no aeroporto de Atatürk. "Viemos testemunhar nossa comoção e (...) a solidariedade da França para com a Turquia na luta contra o terrorismo", indicou Muriel Domenach, cônsul geral da França em Istambul. "O terrorismo também atinge aqui, um país predominantemente muçulmano", declarou por sua vez Henri Vantieghem, cônsul geral da Bélgica, outro país atingido pelo terrorismo. "Qualquer coisa que afeta a Turquia afeta os países europeus", disse ele.
Como parte da investigação, a polícia prendeu na quinta-feira 13 pessoas em Istambul, nove delas estrangeiras, e outras nove na província ocidental de Esmirna. As autoridades afirmaram que os três homens-bomba eram um russo, um uzbeque e um quirguiz. Essas ex-repúblicas soviéticas da Ásia Central estão entre os principais fornecedores de extremistas.
Cerca de 7 mil cidadãos da Rússia e de ex-repúblicas soviéticas, incluindo as da Ásia Central, lutam no grupo extremista Estado Islâmico, afirmou em outubro o presidente russo, Vladimir Putin.
Odores químicos
A imprensa turca identificaram um checheno chamado Akhmet Chata;ev como o mentor do atentado do aeroporto. Ele seria o líder do EI em Istambul e também teria organizado os ataques perto da Praça Taksim (em março) e em Sultanahmet (janeiro), no coração de Istambul, segundo o jornal Hürriyet.
De acordo com o jornal, os três terroristas alugaram um apartamento no bairro de Fatih, densamente povoado por sírios, palestinos, libaneses e jordanianos, pagando adiantado 24 mil libras turcas (7.500 euros) por um ano.
Uma vizinha, que nunca os viu, relatou ao jornal que se queixou às autoridades dos odores químicos que saíam do apartamento depois da meia-noite. "Fui ver o Mukhtar (responsável do bairro) que me enviou para a prefeitura". "A polícia veio me ver após os ataques. Vivi em cima de bombas", disse a mulher.
Apenas algumas horas depois do ataque, o primeiro-ministro Binali Yildirima considerou que "os indícios apontavam para o Daesh" (sigla em árabe do EI). A Turquia está mergulhada há quase um ano em uma atmosfera de violência com uma proliferação de ataques em seu território, reivindicados pelo Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) ou atribuídos pelas autoridades ao EI.
Além disso, um dos mentores do atentado suicida de Ancara, que fez 28 mortos em fevereiro, foi morto durante uma operação no sudeste da Turquia, uma região de maioria curda. "Mehmet Sirin Kaya, um dos cérebros do atentando de 17 de fevereiro contra militares em Ankara, foi morto em operações antiterroristas em Lice, Diyarbakir", afirmaram nesta sexta autoridades que não quiseram se identificar.
Este ataque foi reivindicado pelos Falcões da Liberdade do Curdistão (TAK) - um grupe radical afiliado ao PKK, que conduz desde 1984 uma rebelião contra o Estado turco que já causou mais de 40 mil mortes.