Agência France-Presse
postado em 03/07/2016 13:23
O funeral do prêmio Nobel da Paz Elie Wiesel, morto no sábado (2/7) aos 87 anos, começou neste domingo (3/7) em uma sinagoga de Nova York, com uma cerimônia que será seguida pelo enterro desta figura de grande importância da comunidade judaica."É uma grande perda para os judeus. É uma grande perda para a humanidade", declarou Ronald Lauder, presidente do Congresso Judeu Mundial, diante da sinagoga no bairro nova-iorquino de Upper West Side.
Várias dezenas de pessoas, entre elas a viúva de Elie Wiesel, Marion, em cadeira de rodas, chegaram ao templo em carros pretos.
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A cerimônia começou às 11h locais (12h de Brasília) e, segundo membros da sinagoga interrogados pela AFP, o enterro deve ocorrer logo depois da cerimônia fúnebre.
A morte do famoso escritor judeu americano foi anunciada no sábado em Jerusalém pelo memorial do Holocausto Yad Vashem e o jornal New York Times disse que ele havia morrido em sua casa em Manhattan.
Sua morte provocou reações de pesar e de reconhecimento de seu trabalho incansável em todo o mundo.
[SAIBAMAIS]"Na escuridão do Holocausto, no qual seis milhões de nossos irmãos e irmãs pereceram, Elie Wiesel foi um farol de luz e um exemplo de humanidade", disse o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em um comunicado.
"Elie não era apenas o mais famoso sobrevivente da Shoah. Ele era a memória viva", declarou o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.
O presidente de Israel, Reuven Rivlin, o classificou como "um herói para o povo judeu e um gigante para toda a humanidade".
Nascido em 30 de setembro de 1828 em Sighet, atual Romênia, na época Transilvânia, foi deportado ao campo de concentração nazista de Auschwitz-Birkenau, na Polônia, aos 15 anos.
Ali perdeu a mãe e a irmã, enquanto seu pai morreu diante de seus olhos no campo de Buchenwald, para onde foram transferidos.
Depois de deixar o campo de concentração, em 1945 foi acolhido na França por uma organização beneficente e pôde se reunir com suas duas irmãs que ainda estavam vivas.
Após estudar filosofia na Universidade Sorbonne, se voltou às letras, tornando-se jornalista e escritor.
Sua obra mais conhecida é "A Noite", um livro de memórias no qual narra sua experiência nos campos de concentração.
Escrito originalmente em íidiche, o livro tinha como título nas primeiras edições "E o mundo calava", o eterno fantasma que perseguiu Wiesel.
Em 1986 ganhou o prêmio Nobel da Paz por ter dedicado sua vida a ser testemunha do genocídio cometido pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.
"Não vou permanecer em silêncio"
Wiesel trabalhou a vida toda para cumprir a promessa que fez ao fim da guerra de ajudar os perseguidos em qualquer lugar do mundo. Este compromisso o fez se colocar a serviço de diversas causas, do genocídio armênio aos crimes de Darfur.
Em sua campanha contra o esquecimento e para facilitar a compreensão entre os povos, Wiesel criou junto a sua esposa a fundação que leva seu nome e a Academia Universal das Culturas.
"Sempre, onde quer que exista um ser humano perseguido, não vou permanecer em silêncio", disse Wiesel, classificado pelo comitê que entrega o Nobel como "um mensageiro da humanidade".
Naturalizado americano em 1963, voltou a Auschwitz em 2006 junto com a apresentadora Oprah Winfrey. Também visitou o campo de Buchenwald com o presidente Obama e a chanceler alemã, Angela Merkel.
Por seu trabalho na liderança do Comitê pela Memória do Holocausto, recebeu a medalha de ouro do Congresso americano e na França foi reconhecido com a Grã-Cruz da Legião de Honra.