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Atentado em estacionamento de Mesquita, em Medina, revolta muçulmanos

Suspeita recai sobre o Estado Islâmico. Rei Salman Al-Saud promete retaliar o ataque com "Cpunhos de ferro"

Rodrigo Craveiro
postado em 06/07/2016 06:00

Suspeita recai sobre o Estado Islâmico. Rei Salman Al-Saud promete retaliar o ataque com


O atentado suicida de anteontem em Medina ; local de sepultamento do profeta Maomé, no ano 632, e uma das cidades mais sagradas do islã ; abalou muçulmanos de todo o mundo e despertou revolta contra o Estado Islâmico (EI), principal suspeito. A Universidade Al-Azhar, principal autoridade do islã sunita, sediada no Cairo, condenou os ;esforços, por parte de terroristas e extremistas, em envolver as mesquitas em seus conflitos; e lembrou a ;santidade das casas de Deus, em particular a Mesquita do Profeta;. ;Este crime, que deixa as pessoas de cabelo em pé, não pode ter sido lançado por alguém que tenha um átomo de fé no coração;, declarou Abdullah Al-Sheikh, chefe do principal órgão assessor da monarquia saudita. Por meio das redes sociais, muçulmanos criaram hashtags como #PrayforMadinah (;OremporMedina;) e #ISISAtackingMuslims (#ISISAtacandoMuçulmanos). O rei saudita, Salman bin Abdulaziz Al-Saud, prometeu ;golpear com punho de ferro aqueles que alvejam as mentes ou as ideias de nossos jovens;.

Na segunda-feira, um homem detonou os explosivos atados ao corpo ao ser abordado por seguranças no estacionamento da Mesquita do Profeta. A reação ao atentado, que matou quatro guardas, coincidiu com um alerta feito por Jean-Paul Laborde, diretor do Comitê da ONU contra o Terrorismo, sobre o número de jihadistas estrangeiros em ação na Síria e no Iraque. ;São cerca de 30 mil. E agora que o espaço vital do Daesh (acrônimo em árabe para Estado Islâmico) se reduz no Iraque, vemos eles regressarem até nós, não apenas na Europa, mas também em seus países de origem, como Tunísia ou Marrocos;, declarou.

Percepção
Para Muqtedar Khan, especialista em islã pela Universidade de Delaware (Estados Unidos), a recente avalanche de atentados ; Istambul, Daca, Bagdá e Medina ; vai mudar a percepção dos seguidores de Alá em relação ao EI. ;Todos verão que esses extremistas não são islâmicos, mas essencialmente anti-islã e antimuçulmanos. Eles atacam tudo o que podem para enviar a mensagem de que a perda de Faluja não representa o fim da facção;, explicou ao Correio, ao citar a cidade iraquiana retomada por tropas do governo. Os quatro ataques da última semana deixaram 324 mortos e centenas de feridos.

Yves Trotignon, ex-agente do serviço secreto francês DSGE, vê a jihad (guerra santa) como um conflito civil instaurado dentro da comunidade muçulmana. ;É uma luta entre dois modos diferentes de governar países e de ter relações com o Ocidente e com o Irã;, afirma à reportagem, em alusão ao xiismo e ao sunismo. ;Tivemos um século de lideranças fracassadas e sonhos de uma era dourada. O ataque a Medina é uma forma de mostrar ao reino da Casa de Saud que ele nada controla.; De acordo com Trotignon, apesar de saberem que tais ações tendem a escassear a adesão de recrutas, os jihadistas seguem determinados a destruir o regime saudita.

Na opinião do paquistanês Itaf Hissain, morador de Charsadda, quem cometeu o atentado em Medina não pode ser tachado de muçulmano. ;São terroristas. Minha religião não lhes pertence. Eles trazem problemas para a humanidade;, lamenta. Por meio do Twitter, o chanceler iraniano, Mohammad Javad Zarif, disse que ;os terroristas não têm limites;. ;Os sunitas e os xiitas seguirão vítimas, a menos que permaneçam unidos;, comentou. O movimento xiita libanês Hezbollah advertiu sobre ;novo sinal de desprezo dos terroristas por tudo o que os muçulmanos consideram sagrado

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