Agência France-Presse
postado em 13/07/2016 19:57
Caracas, Venezuela - O general Vladimir Padrino López diz que não gosta do militarismo e nega ser um pilar do governo, mas surge como a mão direita do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, após se destacar como um fiel soldado do chavismo.
Aos 53 anos, Padrino López é ministro da Defesa e chefe da estrutura militar mais poderosa da Venezuela: o Comando Estratégico Operacional da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB).
A partir desta semana, López também se tornou uma espécie de chefe de gabinete, após Maduro lhe delegar o comando da frente da "guerra" contra a escassez de alimentos e remédios, o problema que tem minado a popularidade do presidente.
Com a decisão, os ministros ficaram subordinados a Padrino López, um homem de estatura média e fala pausada.
Sua missão pode ser determinante para o governo socialista, pois o desabastecimento e a inflação - a mais alta do planeta - são os maiores problemas para os venezuelanos, acima até da criminalidade, historicamente em primeiro lugar.
Poucos duvidam da grande influência deste oficial do Exército, que como ministro ampliou o poder político e econômico da FANB.
"Não nos agrada o militarismo ou o pretorianismo, e nem a intervenção em assuntos que não nos corresponde", afirmou o general em entrevista à TV. Seu novo papel como superministro é colocar em ordem a rede produtiva.
- Fidelidad a Chávez -
Padrino López, que costuma citar os clássicos gregos e literatos durante suas entrevistas, tomou em 2002 uma decisão que catapultou sua carreira: o batalhão que comandava em Caracas não aderiu ao golpe de Estado que afastou o presidente Hugo Chávez do poder durante 48 horas.
Segundo o general, Chávez lhe disse então por telefone: "aguarda em teu batalhão, não quero derramamento de sangue entre irmãos".
Cumprida a ordem e após o fracasso do golpe, Chávez condecorou o então tenente-coronel, que a partir de então foi sendo promovido. Em 5 de julho de 2012, o presidente o designou chefe do Estado-Maior do Exército.
Neste dia, o general definiu a tropa como "bolivariana, socialista, anti-imperialista e revolucionária".
No dia 24 de outubro de 2014, Padrino López foi designado por Maduro ministro da Defesa, e entre fevereiro e março do mesmo ano enfrentou a onda de protestos da oposição, que deixou 43 mortos.
Como ministro, defende a participação dos militares no debate político e compartilha a ideia de Maduro sobre a existência de uma "guerra econômica" e de um "golpe de estado" orquestrado pelos Estados Unidos e a "direita venezuelana".