Agência France-Presse
postado em 14/07/2016 17:10
Montevidéu, Uruguai - O Uruguai enfrenta nesta quinta-feira uma greve geral de trabalhadores convocado pela central sindical única PIT-CNT para exigir melhorias salariais e contra um plano de ajuste fiscal e corte orçamentário do governo.
Esta é a segunda greve geral de trabalhadores desde que o presidente Tabaré Vázquez assumiu o cargo, em 1; de março de 2015.
A medida afeta toda a administração pública, o transporte, o setor bancário e o ensino público e privado.
No caso da saúde, o Sindicato Médico do Uruguai aderiu à plataforma reivindicativa da central sindical PIT- CNT, mas não faz greve. A Federação Uruguaia de Saúde (FUS), que reúne trabalhadores da área do setor privado, paralisou suas tarefas e só atendia casos de urgência.
As principais avenidas de Montevidéu tiveram o tráfego reduzido e embora a maior empresa de transportes da capital tenha disponibilizado um serviço de emergência, os ônibus e os pontos de espera ficaram vazios, conforme constatou a AFP.
Em uma coletiva de imprensa, o presidente do PIT-CNT, Fernando Pereira, se disse satisfeito com a adesão à medida, que segundo ele, ultrapassou um milhão de trabalhadores, em um país de 3,4 milhões de habitantes.
"Cerca de um milhão de trabalhadores aderiram a esta medida e isso é muito em qualquer lugar do mundo", disse Pereira.
Reclamações em contexto crítico
Os sindicatos pedem mudanças nas negociações e nas pautas salariais, que acompanhem a inflação. Eles rejeitam possíveis cortes do gasto social previstos em um projeto de lei de Prestação de Contas que o Poder Executivo enviou ao Parlamento e também exigem uma política firme de controle de preços.
"Parar 24 horas não é um esporte, nós paramos para mudar a realidade. Queremos mudar a pauta salarial para essa rodada de salários que é pior do que a do ano passado", argumentou Pereira, adiantando que no caso de o governo não atender às reivindicações dos sindicatos, serão realizadas novas mobilizações durante este ano.
O Uruguai enfrenta um difícil cenário econômico, com uma inflação acumulada de 10,94% em 12 meses em junho, uma deterioração do mercado de trabalho e um déficit fiscal de 3,7% em 12 meses em maio que o governo busca enfrentar com um ajuste fiscal.
Dentro do pacote de medidas anunciadas pelo governo, o que gerou mais críticas foi o aumento do Imposto às Retribuições das Pessoas Físicas (IRPF) - sobre as receitas pessoais - que a partir de janeiro aumentará entre 4 e 6 pontos percentuais para cinco faixas salariais.