postado em 15/07/2016 14:58
Paris, França - A investida desenfreada de um veículo, como a do caminhão que atropelou e matou mais de 80 pessoas na quinta-feira à noite em Nice, sudeste da França, é uma prática conhecida pelos serviços antiterroristas.
Seu uso não é uma novidade nos países ocidentais, onde foram registrados recentemente dois ataques semelhantes em nome da jihad (guerra santa) contra alvos militares.
Em maio de 2013, dois londrinos de origem nigeriana atropelaram o jovem soldado Lee Rigby em Londres, antes de esfaqueá-lo até a morte.
Em um vídeo, gravado logo após o ataque, um dos agressores declara ter agido para vingar os "muçulmanos assassinados por soldados britânicos".
Durante o seu julgamento, este pai de seis filhos declarou que estava em "uma missão" como um "soldado de Alá" e "na guerra contra a Grã-Bretanha", em virtude da lei de Talião.
Meses mais tarde, em outubro de 2014, um canadense de 25 anos, que havia abraçado recentemente o jihadismo, atropelou com o seu veículo três soldados, matando um e ferindo outro, nos arredores de Montreal.
Cercado pela polícia depois de uma perseguição, o atacante saiu de seu veículo, com uma faca na mão, antes de ser morto. O jovem, que tinha problemas familiares, queria viajar para a Síria.
Há vários anos, os grupos extremistas Al-Qaeda e Estado Islâmico (EI) exortam, em longos artigos e vídeos postados na internet, seus combatentes e apoiadores a agir sem esperar, sem ordens precisas, e nenhuma organização para treinamento ou suporte logístico.
Agir de forma isolada e com qualquer arma disponível foi precisamente o que recomendou, em setembro de 2014, o porta-voz oficial do EI, Abu Mohamed Al Adnani.
Em uma mensagem divulgada pelo Al-Furqan, o principal meio de comunicação do Estado Islâmico, o sírio chamou aqueles a quem denomina de "soldados do Califado" a atacar alvos por todos os meios possíveis.
"Levantem-se, monoteístas, e defendam seu Estado a partir do local de sua residência, onde quer que seja (...)", conclamou.
"Se não podem fazer explodir uma bomba ou atirar, planejem uma maneira de estar sozinhos com um infiel francês ou americano e quebrem seu crânio com uma pedra, matem-o a facadas, atropele-no com o seu veículo ...", sugeriu.
Há um mês, em 13 de junho, Larossi Abbala utilizou uma simples faca para matar um policial e sua companheira na casa do casal, localizada perto de Paris, em um ataque reivindicado pelo EI.
O setor responsável pela luta contra o terrorismo da procuradoria de Paris assumiu a investigação sobre o ataque com o caminhão em Nice, cujas motivações ainda são desconhecidas.