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EUA e Rússia acertam medidas concretas para trégua na Síria

A maratona de 12 horas de negociações que Kerry manteve com Lavrov ocorreu depois que o chefe da diplomacia americana disse ter tido conversas "sérias e francas" com o presidente russo, Vladimir Putin, na quinta-feira

Agência France-Presse
postado em 15/07/2016 19:45

O secretário de Estado americano, John Kerry, disse nesta sexta-feira (15/7) que Estados Unidos e Rússia acertaram "medidas concretas" para salvar a trégua na Síria e combater os extremistas, após 12 horas de negociações.

Em uma reunião em Moscou com o ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, Kerry afirmou que os detalhes do acordo não serão divulgados para permitir que o "discreto trabalho" para a construção da paz continue.

"Eu quero enfatizar, no entanto, que não se baseiam em confiança, eles definem responsabilidades sequenciais específicas que todas as partes no conflito precisam assumir com o objetivo de deter totalmente o bombardeio indiscriminado do regime de Assad e avançar em nossos esforços contra a Al-Nusra", disse Kerry, referindo-se ao braço sírio da rede Al-Qaeda.

"Cada um de nós sabe exatamente o que deve fazer", prosseguiu.

Durante o dia o secretário de Estado americano e o ministro russo das Relações Exteriores apareceram unidos nas condolências que deram ao povo francês pelo atentado em Nice.

Ambos compareceram nesta sexta-feira à embaixada da França em Moscou para depositarem flores e escreverem mensagens de condolências em memória das vítimas do atentado de Nice, no sul da França, que causou 84 mortos.

Depois, retomaram as negociações previstas inicialmente para durar uma hora, mas que se prolongaram por mais de 12 horas.

Algumas horas depois do sangrento atentado na França, Kerry defendeu uma maior cooperação entre os Estados Unidos e a Rússia para acabar com o "flagelo terrorista" na Síria.

Kerry chegou a Moscou após ter participado dos festejos de 14 de julho - festa nacional francesa - em Paris, e se reuniu com o presidente russo, Vladimir Putin, durante a noite.

Segundo o Washington Post, Kerry foi a Moscou com a ideia de estabelecer um centro de comando comum na Jordânia para coordenar os bombardeios aéreos na Síria contra os extremistas do grupo Estado Islâmico (EI) e da Frente Al-Nusra.

Contudo, o jornal disse que Moscou deveria limitar seus bombardeios a alvos escolhidos com os Estados Unidos, e que o regime sírio deveria deixar de bombardear os rebeldes moderados.

Reduto e celeiro de terroristas


A reunião da sexta-feira entre Kerry e Lavrov começou com um minuto de silêncio em memória das vítimas de Nice.

Apesar das reticências de Moscou, Kerry insistiu no fato de que a tragédia da cidade francesa ilustra mais uma vez a necessidade de trabalhar de forma mais estreita na Síria.

"Não existe em nenhuma parte maior foco e maior viveiro destes terroristas que na Síria", destacou Kerry. "E você e eu estamos em uma posição invejável para fazer algo contra isto", disse a Lavrov, e completou que o mundo espera que russos e americanos "acabem com este flagelo terrorista".

Lavrov considerou "útil" o diálogo entre Putin e Kerry, e defendeu que ambos os países "intensifiquem esforços na luta antiterrorista".

Washington e Moscou tentam se aproximar no momento em que ocorrem sangrentos combates na Síria, apesar do teórico cessar-fogo estabelecido no final de fevereiro sobre o escudo de russos e americanos.

A última das tréguas temporárias anunciada pelo exército sírio terminou na sexta-feira, sem ter sido respeita pelo regime ou pelos rebeldes.

Atualmente os extremistas do EI e da Al-Qaeda estão à margem do cessar-fogo de fevereiro acordado entre o Exército sírio e os opositores moderados. Ambos grupos extremistas são bombardeados pela Rússia e pela coalizão liderada pelos Estados Unidos.

Mas Washington acusa Moscou de atacar também os rebeldes moderados opostos ao presidente Bashar Al-Assad, o que a Rússia desmente.

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