Agência France-Presse
postado em 19/07/2016 17:32
Beirute, Líbano - Cerca de 60 civis, entre os quais várias crianças, morreram nesta terça-feira em bombardeios da coalizão liderada pelos Estados Unidos contra uma localidade sob controle do grupo extremista Estado Islâmico (EI) na província de Aleppo, informou uma ONG síria.
Aparentemente, os civis, confundidos com extremistas, foram bombardeados quando fugiam de combates na cidade de Al Tukhar, na província de Aleppo, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).
Na cidade rebelde de Atareb, na mesma província, ataques aéreos, aparentemente lançados por aviões russos, mataram nesta terça-feira 21 civis, entre eles seis crianças, anunciou o OSDH.
Sobre o primeiro ataque, o diretor desta ONG que se apoia em uma ampla rede de fontes médicas e militantes em todo o país, Abdem Rahman, disse que "há pelo menos 56 civis mortos, incluindo 11 crianças, e dezenas de feridos, alguns muito graves".
"Aparentemente, trata-se de um erro", disse Abdem Rahman.
A coalizão, interrogada pela AFP, informou que "examinará toda a informação sobre o incidente".
"Tomamos todas as disposições durante nossas missões para evitar ou minimizar as perdas civis (...) e respeitar os princípios de direitos de guerra", destacou.
"Violações" dos direitos humanos
A Anistia Internacional pediu à coalizão para "redobrar seus esforços para impedir que morram civis e investigar possíveis violações do direito humanitário internacional".
Trata-se, "possivelmente do bombardeio mais mortal entre civis" da coalizão desde o começo de 2014, no âmbito de suas operações contra os extremistas, informou a Anistia.
Na segunda-feira, 21 civis morreram em ataques da coalizão contra Manbij e Al Tujar, segundo o OSDH.
No dia 31 de maio, as Forças Democráticas Sírias (FDS), dominadas pelos curdos e apoiadas pelos Estados Unidos, lançaram uma grande ofensiva contra Manbij, com apoio aéreo da coalizão.
"Início da batalha"
A guerra na Síria, que eclodiu em 2011 após a repressão, pelo regime, de uma revolta pacífica, envolve vários atores locais e internacionais que combatem em um território muito fragmentado, parte do qual é ocupado por el EI.
O conflito deixou mais de 280.000 mortos e forçou milhões de pessoas a fugir, engendrando uma crise humanitária maior na Síria, nos países vizinhos e na Europa.
Na cidade de Aleppo, os salafistas de Ahrar al Sham anunciaram no Twitter o início da batalha para romper o assédio imposto pelas tropas governamentais nos bairros do leste da cidade, controlados pelos rebeldes.
Aleppo, segunda cidade da Síria e um dos locais-chave do conflito, está dividida desde 2012 entre bairros do oeste, controlados pelo regime e do leste, nas mãos dos rebeldes.
Indicaram ter "libertado várias posições militares na região de Mallah, ao norte da cidade". Esta zona é estratégica, pois está perto da rota do Castello, a última via de provisões dos bairros rebeldes de Aleppo, que as tropas do regime cortaram em 7 de julho.
Este assédio acentua o risco de uma escassez geral para os mais de 200 mil moradores que restam ali.