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Estados Unidos reúnem aliados sob a pressão dos atentados do EI

Embora o EI tenha perdido terreno no Iraque e na Síria, reivindicou nas últimas semanas atentados mortais em Nice, Istambul, Bagdá e Daca, que deixaram centenas de mortos e feridos

Agência France-Presse
postado em 20/07/2016 13:18
Washington, Estados Unidos - Após dois anos de luta contra o Estado Islâmico (EI), teve início nesta quarta-feira (20/7), na Base Aérea de Andrews, em Washington, uma reunião dos membros da coalizão militar internacional para discutir o curso da guerra, enquanto o grupo extremista intensifica seus ataques pelo mundo.

Embora o EI tenha perdido terreno no Iraque e na Síria, reivindicou nas últimas semanas atentados mortais em Nice, Istambul, Bagdá e Daca, que deixaram centenas de mortos e feridos. E na Líbia, a morte de três soldados franceses das forças especiais em missão "contra o terrorismo", ajuda a recordar que o EI também está ativo neste país.

Estes ataques serãoo, "obviamente, a maior preocupação das discussões", declarou Brett McGurk, representante especial do presidente americano Barack Obama na coalizão. "Todos devemos fazer mais", ressaltou o secretário de Defesa americano Ashton Carter a seus colegas, incluindo o francês Jean-Yves Le Drian, cujo país acaba de ser atingido pelo terrorismo. "Devemos assegurar que as forças iraquianas e os grupo sírios aliados da coalizão tenham o necessário para vencer a batalha" contra o extremismo, e para "reconstruir e governar seus territórios", insistiu o chefe do Pentágono.

[SAIBAMAIS]Ecoando declarações do primeiro-ministro francês Manuel Valls, que previu "outros ataques" e "outros mortos inocentes", McGurk também advertiu durante uma teleconferência que "ninguém pode dizer que esses ataques vão parar". "Infelizmente, acredito que haverá outros", lamentou o diplomata americano. McGurk estimou que a coalizão, que já realizou cerca de 14 mil incursões aéreas contra o EI, "tem sido bem sucedida no terreno". Mas reconheceu que "ainda há muito trabalho" para desmantelar as redes de extremistas islâmicos no mundo.

O EI no está acabado

Segundo o especialista Michael Weiss, "o EI foi golpeado, mas está acabado". A organização extremista "perdeu a sua capacidade de manter grandes extensões de território, mas não perdeu sua capacidade de realizar ataques (...) oportunistas", resume o especialista do Conselho do Atlântico em Washington. De acordo com Washington, o EI perdeu no Iraque e na Síria, respectivamente, cerca de 50% e entre 20% e 30% dos territórios que havia conquistado em 2014.



No Iraque, após a reconquista da fortaleza sunita de Fallujah pelas forças iraquianas, a coalizão pretende expulsar os combatentes islâmicos da grande cidade do norte, Mossul. "Vamos reforçar os recursos da coalizão", disse Valls na terça-feira em Paris. O porta-voz americano da coalizão, Peter Cook, também afirmou que "o haverá um esforço para acelerar" a ação contra o EI. Mas Michael Weiss duvida que Mossul e Raqa, a "capital" do califado autoproclamado na Síria, serão "recuperadas" antes de Obama concluir seu mandato, em janeiro.

O Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), uma ONG com sede em Londres, afirmou na terça-feira que cerca de 60 civis, incluindo várias crianças, foram mortas na Síria durante operações da coalizão perto de uma localidade controlada pelo EI na província de Aleppo.

A guerra já fez cerca de 280 mil mortos e milhões de refugiados e deslocados. John Kerry acaba de retornar de Moscou, onde acordou com as autoridades russas de intensificar a cooperação entre as duas potências para tentar salvar a trégua e lutar contra os extremistas.

Dois bilhões de dólares para o Iraque
A coalizão também discutirá a era pós-EI. Particularmente no Iraque, que nesta quarta-feira será o tema de uma conferência de doadores. Estados Unidos, Japão, Canadá, Alemanha, Holanda e Kuwait esperam arrecadar 2 bilhões de dólares dos doadores, de acordo com diplomatas dos Estados Unidos. Bagdá precisa de dinheiro para permitir que os refugiados retornem para as áreas reconquistadas e para reconstruir o país. "É hora de ajudar o Iraque para a era pós-libertação", declarou seu ministro das Relações Exteriores, Ibrahim al-Jaafari, que evocou o espírito do plano Marshall em Washington.

As forças iraquianas retomaram Fallujah e avançam no vale Tigris em direção a Mossul. Elas recuperaram recentemente a base aérea de Qayyarah, cerca de 60 km ao sul da cidade, que será um "trampolim vital" para a ofensiva em Mossul, de acordo com militares americanos. Washington também anunciou que vai enviar mais centenas de soldados ao Iraque para ajudar o exército do governo a lutar e recuperar Mossul. O país somará então mais de 4.600 soldados em território iraquiano, de onde tinha retirado 140 mil soldados até o final de 2011.

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