Agência France-Presse
postado em 20/07/2016 17:44
Istambul, Turquia - Em uma mensagem curta e direta, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse ao ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Marc Ayrault, que "cuide de sua vida" - em entrevista à rede Al-Jazeera nesta quarta-feira (20/7).
No domingo, o chanceler francês pediu "que o Estado de Direito funcione plenamente" na Turquia, deixando claro que a rejeição à tentativa de golpe militar nesse país não é um "cheque em branco" ao presidente Erdogan.
"Expurgos não são necessários. Aqueles que violaram a democracia devem poder ser processados no âmbito do Estado de Direito", insistiu Ayrault.
"Ele deveria cuidar da vida dele. Tem a autoridade para fazer essas declarações sobre a minha pessoa? Não, não tem. Se quiser uma lição de democracia, pode ter, facilmente, uma lição de democracia de nós", ironizou Erdogan, na entrevista à Al-Jazeera.
Sem dar exemplos, Erdogan denunciou ainda que "pode ser que outros países estejam envolvidos" na tentativa de golpe militar na Turquia, advertindo que "pode ainda não ter acabado".
O governo alemão voltou a criticar hoje a depuração em massa deflagrada no país e que engloba o Exército, a Polícia, o Poder Judiciário e a Educação.
"Quase diariamente são tomadas novas medidas que são contrárias a um modo de atuação respeitoso com o Estado de Direito", declarou à imprensa Steffen Seibert, porta-voz da chanceler alemã, Angela Merkel, referindo-se às represálias de Erdogan.
Já o secretário de Estado americano, John Kerry, manifestou o apoio de Washington a Erdogan e se recusou a comentar as medidas adotadas por Ancara.