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Presidente Recep Erdogan decreta estado de emergência na Turquia

Apesar das restrições ao direito de protestar impostas pelo estado de emergência decretado, muitos turcos receberam SMSs de "RTErdogan" convidando seus partidários a continuar nas ruas para resistir aos "traidores terroristas"

Agência France-Presse
postado em 21/07/2016 12:14

Apesar das restrições ao direito de protestar impostas pelo estado de emergência decretado, muitos turcos receberam SMSs de

Istambul, Turquia - A Turquia acordou nesta quinta-feira (21/7) sob estado de emergência e com um apelo do presidente Recep Tayyip Erdogan a seu "querido povo" para que permaneça mobilizado em favor da democracia, após a tentativa de golpe no dia 15 de julho.

Além disso, em função da instauração do estado de emergência, a Turquia anunciou que vai suspender a aplicação da Convenção Europeia dos Direitos Humanos. "A Turquia suspenderá a Convenção Europeia de Direitos Humanos à medida en que não seja contrário a suas obrigações internacionais, como a França fez depois dos ataques de novembro de 2015", anunciou o vice-primeiro-ministro Numan Kurtulmus.

Apesar das restrições ao direito de protestar impostas pelo estado de emergência decretado, muitos turcos receberam SMSs de "RTErdogan" convidando seus partidários a continuar nas ruas para resistir aos "traidores terroristas". Essa expressão é utilizada para designar os partidários do pregador exilado nos Estados Unidos Fethullah Gulen, acusado de ter se infiltrado no governo e fomentando o golpe, que terminou com a morte de cerca de 300 pessoas.

Ancara pediu aos Estados Unidos a extradição do clérigo septuagenário, alegando ter provas de seu envolvimento na tentativa de golpe, mas que até agora não foram tornadas públicas.

Resistência histórica
"Meu querido povo, não abandone a resistência heroica que demonstrou a seu país, sua pátria e sua bandeira", "os proprietários das praças (cidades) não são os tanques. Os proprietários são a nação", escreveu em sua mensagem de texto o presidente. Na quarta-feira, ele se dirigiu a seus partidários pela quinta noite consecutiva e declarou sua convicção de que "o golpe talvez não terminou". O jornal pró-governo Yeni Safak publicou nesta quinta-feira em seu site uma gravação de uma chamada à oração na mesquita do complexo presidencial, atribuindo-o a mensagem ao presidente Erdogan.

Mas após afirmar que era do presidente a voz lendo as passagens do Corão, um funcionário da presidência negou qualquer chamada para a oração do chefe de Estado. Em paralelo a este apelo às massas, o expurgo da administração não conhece trégua. Cerca de 55 mil pessoas, entre militares, juízes e professores, foram presos, suspensos ou demitidos.

Nesta quinta-feira, de acordo com a agência Anatolia, 109 generais ou almirantes permaneciam em detenção, incluindo o ex-chefe da Força Aérea, Akin ;ztürk, suspeito de ser um dos líderes dos golpistas. Um assessor de Erdogan, Ali Yazici, também está atrás das grades.



A detenção de trinta magistrados foi mantida, e o ministério da Defesa também suspendeu 262 juízes e procuradores militares. A magnitude deste expurgo está causando preocupação no exterior, com Berlim convidando Ancara a respeitar "a medida certa das coisas". "Só o envolvimento em atos penalmente repreensíveis pode estar sujeito a medidas estatais, não a opinião política", alertou o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier.

Mas essa reação não parece ter abalado a determinação do presidente Erdogan, convencido de que "outros países podem estar envolvidos" na tentativa de derrubá-lo: "Vamos continuar a lutar para eliminar o vírus das forças armadas", repetiu na quarta-feira, garantindo que não fará "nenhum compromisso" sobre as regras democráticas. Erdogan deve se reunir na parte da tarde com o presidente do Tribunal Constitucional. O Parlamento deve aprovar o estado de emergência, uma formalidade.

Cemitério para ;traidores;
Nos termos do artigo 120 da Constituição, o estado de emergência, que não havia sido decretado por 15 anos, foi instaurado por três meses. Ele prevê restrições à liberdade de manifestar ou circular. No entanto, o vice-premiê Numan Kurtulmus afirmou à imprensa turca que o governo esperava levantar o estado de emergência "em um mês ou um mês e meio", "se as condições voltarem à normalidade".

Como a oposição se aliou ao presidente Erdogan após o golpe de Estado, esta decisão contou com o apoio quase unânime da imprensa. "Os traidores do FETO", a sigla para a organização de Gülen, "serão afastados do serviço público", garantiu Zaman. Este jornal, que era próximo do movimento do pregador, foi tomado pelo governo turco em março. "Estado de emergência contra o terrorismo golpista", comemorou o Habertürk. "Estado de emergência para os golpistas, serenidade para os habitantes", opinou Star (pró-governo).

Neste contexto, o prefeito de Istambul, Kadir Topbas, sugeriu que os corpos dos golpistas mortos fossem enterrados em um cemitério separado. A agência de classificação SP Global Ratings baixou a nota soberana (de BB%2b para BB) do país. Desde a tentativa de golpe, a libra turca perdeu 6% em relação ao dólar. Oito militares turcos, que haviam fugido após o fracasso do golpe, compareceram nesta quinta em Alexandroupolis, para responder por entrada ilegal em território turco. A justiça grega determinou dois meses de prisão com sursis para o grupo.

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