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Afeganistão registra número recorde de vítimas na primeira metade de 2016

A Unama acusa as forças insurgentes, principalmente os talibãs e a organização Estado Islâmico, de serem os responsáveis pela maioria das vítimas

Agência France-Presse
postado em 25/07/2016 08:29

Cabul, Afeganistão - O número de vítimas civis no Afeganistão nos primeiros seis meses de 2016 alcançou o recorde de 5.166 mortos e feridos, o mais alto desde o início da contagem, em 2009, indicou a missão de assistência das Nações Unidas no país (Unama).

Em um relatório publicado nesta segunda-feira (25/7), a Unama indica que o total se divide em 1.601 mortos e 3.565 feridos, um aumento de 4% em relação ao mesmo período de 2015, e que um terço das vítimas são crianças (incluindo 388 mortos). "O número total de vítimas civis registrado pela ONU entre 1; de janeiro de 2009 e 30 de junho de 2016 chega a 63.934", entre as quais há 23 mil mortos e 41 mil feridos.

A Unama acusa as forças insurgentes, principalmente os talibãs e a organização Estado Islâmico (EI), de serem os responsáveis pela maioria (60%) das vítimas. Mas a missão da ONU também destaca que as vítimas provocadas pelas forças governamentais estão em alta de 47% em relação ao ano passado e que representam 23% do total.



Em 85% dos casos, a morte ou as lesões de crianças são provocadas por explosivos abandonados, como minas e outros "objetos explosivos improvisados", indica a missão. "Matam as pessoas quando estão rezando, trabalhando, estudando, quando vão buscar água ou saem do hospital", disse o representante especial do secretário-geral da ONU em Cabul, Tadamichi Yamamoto. "Cada vítima civil representa um fracasso e precisa levar as partes em conflito a reagir (...) para reduzir o sofrimento dos civis e reforçar sua proteção", acrescentou. Também indicou que o balanço é "prudente" e "sem dúvida subestimado".

No sábado, um atentado reivindicado pelo EI em Cabul deixou 80 mortos e 231 feridos entre membros da minoria xiita hazara. No ataque, dois combatentes detonaram seus explosivos durante uma manifestação pacífica desta minoria em Cabul.

Os manifestantes, que marchavam em um ambiente agradável, exigiam que uma rede de alta tensão em construção abastecesse com eletricidade a província de Bâmiyân (centro), a mais atrasada economicamente do país, onde vive grande parte da comunidade hazara. Estes mortos não estão incluídos no relatório da ONU. Desde o fim de 2014, quando a maioria dos soldados ocidentais abandonaram o Afeganistão, a situação piorou.

Cerca de 12 mil militares ocidentais (entre eles 9.800 americanos) seguem no país, mas se dedicam principalmente a formar e apoiar as forças afegãs. Em 2015, a ONU contabilizou um total de 11 mil vítimas civis.

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