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Hillary e Trump retomam campanha e buscam atrair eleitorado do rival

Ex-secretária de Estado viaja ao nordeste do país com foco em desiludidos por discurso extremista



A cem dias das eleições presidenciais que decidirão o sucessor de Barack Obama, Hillary Clinton e Donald Trump, ambos oficializados como candidatos, participaram de eventos de campanha ontem, impulsionados pelas convenções dos respectivos partidos. A democrata, que aceitou a nomeação na noite de quinta-feira, encerrou a passagem pela Filadélfia com discurso para uma empolgada plateia de 5,2 mil simpatizantes, que se reuniram na Temple University para apoiá-la. Hillary e o parceiro Tim Kaine, que concorre à vice-presidência, saíram ontem mesmo para um tour de três dias por cidades do ;cinturão da ferrugem; (;rust belt;, área de industrialização mais antiga e extensa, no nordeste do país), onde muitos trabalhadores desiludidos se mostraram atraídos pelo discurso extremista de Donald Trump.

Na Pensilvânia e em Ohio, Clinton e Kaine buscam o voto de eleitores republicanos que não aprovam a indicação do magnata. Em 2012, o então candidato republicano, Mitt Romney, um dos maiores críticos à nomeação de Trump, venceu as votações nesses estados. ;Vamos visitar alguns lugares onde as pessoas estão fazendo coisas. Eu acho muito engraçado que Donald Trump fale sobre ;tornar a América grande de novo;. Ele não faz nada na América, a não ser bancarrotas;, disse Hillary.



;Cara Legal;
Trump, que na noite de quinta-feira criticou o discurso de Hillary por meio do Twitter, voltou a atacá-la, em um evento no Colorado Springs. ;Eu estava dizendo ;vamos apenas vencê-la em 8 de novembro;, mas sabe o quê? Estou começando a concordar com vocês;, disse Trump a simpatizantes. ;Toda vez que a menciono, as pessoas começam a gritar: ;prendam-na;. Depois de assistir a aquela performance, com tantas mentiras, estou tirando minhas luvas;, continuou ele. ;Apenas lembrem-se disso: Trump não será mais o senhor Cara Legal. Digam a Hillary que não serei mais legal.;

A campanha do magnata, que nos próximos dias continua empenhada em cidades do Colorado, atacou o discurso de aceitação de Hillary, chamado por assessores do republicano de ;coleção de insultos, clichês e retórica reciclada;. No comício de ontem, além de críticas à adversária, Trump acusou a tevê CNN de interromper a transmissão do comício. Ele fez novos comentários sobre jornalistas ofendidos durante as primárias e alegou ter sido mal interpretado.

Trump, que viu um salto em sua popularidade após a convenção republicana, voltou a perder espaço para a adversária. Pesquisas de intenção de voto, que mostravam uma leve vantagem do republicano, indicam uma recuperação de Hillary. De acordo com uma sondagem Ipsos/Reuters divulgada ontem, se as eleições fossem hoje, Hillary teria apoio de 40% dos eleitores e Trump ficaria com 35% dos votos. A média de pesquisas recentes, compiladas pelo site Real Clear Politics, mostra empate técnico entre eles.