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Com 14 casos autóctones de zika, Flórida emite alerta de viagens a Miami

"Aconselhamos as mulheres grávidas a evitarem viajar para essa área", disse em teleconferência de imprensa o diretor dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), Tom Frieden

Agência France-Presse
postado em 01/08/2016 18:06
Miami, Estados Unidos - Autoridades sanitárias dos Estados Unidos recomendaram nesta segunda-feira (1/8) que as grávidas evitem viajar para uma pequena zona de Miami, onde foram registrados 14 casos de infecção pelo vírus zika, transmitidos localmente por mosquitos.

[SAIBAMAIS]"Aconselhamos as mulheres grávidas a evitarem viajar para essa área", disse em teleconferência de imprensa o diretor dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), Tom Frieden.



Esse surto de zika autóctone se limita a uma área de 2,5 Km2 no norte de Miami, no bairro de Wynwood e arredores, que concentra parte da cena artística e gastronômica da cidade.

As mulheres que estão grávidas e moram ou viajaram para essa área depois de 15 de junho devem conversar com seus médicos, além de usar preservativos, ou se abster sexualmente, para diminuir o risco de transmissão para o parceiro, acrescentou Frieden.

O diretor também recomendou que as pessoas em geral usem repelentes, mangas compridas, telas nas janelas e que drenem toda a água parada para evitar a propagação dos mosquitos.

As autoridades sanitárias de Miami vêm combatendo o mosquito casa a casa, eliminando possíveis criadouros e colocando larvicidas e pesticidas em pátios e jardins.

"Em Miami, as medidas agressivas de controle do mosquito não parecem estar funcionando tão bem quanto gostaríamos", admitiu Frieden, acrescentando que é possível que os mosquitos sejam resistentes aos inseticidas que estão sendo usados, ou que estejam se reproduzindo em locais que ainda não foram encontrados.

"Nada do que vimos indica transmissão generalizada, mas é certamente possível que poderia haver transmissões contínuas em pequenas áreas", completou.

Primeiros casos autóctones


Na sexta-feira (29), autoridades da Flórida anunciaram os primeiros quatro casos de transmissão local de zika por mosquitos na zona continental dos Estados Unidos, todos na mesma área de Miami.

Hoje, o governador da Flórida, Rick Scott, informou em um comunicado que foram registrados dez novos casos autóctones. Dois dos 14 casos envolvem mulheres, e o restante, homens infectados.

Seis dos novos pacientes não apresentaram sintomas e foram identificados por meio de uma pesquisa feita de porta em porta pelo Departamento de Saúde, segundo o comunicado.

O zika é transmitido principalmente pela picada de mosquitos do gênero Aedes (aegypti e albopictus), e o contágio também pode ocorrer por contato sexual.

Na maioria dos casos, o vírus causa apenas sintomas brandos. Pode provocar, porém, transtornos neurológicos em pessoas infectadas, como a síndrome de Guillan-Barré, além de más-formações congênitas graves, como a microcefalia, que se caracteriza por um desenvolvimento insuficiente do cérebro, em fetos de mulheres que contraíram o vírus durante a gravidez.

Até agora, mais de 1.600 casos de zika foram registrados nos Estados Unidos, a maioria deles em pessoas que se infectaram quando viajavam por países onde o vírus está ativo, e um pequeno número foi de contágio por contato sexual.

Desses casos, 400 ocorreram na Flórida, mas até sexta-feira não havia registros de transmissão local por mosquitos da doença no país.

O CDC está enviando uma equipe de emergência para ajudar o Departamento de Saúde da Flórida, disse Frieden na conferência telefônica.

Segundo Scott, "a equipe vai estar formada por especialistas em Saúde Pública, cujo papel será aumentar nossos esforços para combater as transmissões locais do vírus zika".

Friden disse, ainda, que a decisão de emitir um alerta de viagem é uma medida incomum nos Estados Unidos continental.

"Não houve nenhuma recomendação semelhante nos últimos anos", afirmou.

Um alerta de viagem para o território americano de Porto Rico foi emitido em janeiro, quando o zika começou a circular por lá.

O Brasil é o país mais afetado pelo surto de más-formações congênitas associadas ao zika, com 1.749 casos de microcefalia, ou alterações no sistema nervoso sugestivas de infecção, de acordo com o último boletim do Ministério da Saúde, divulgado em 27 de julho.

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