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Estados Unidos atacam Estado Islâmico na Líbia

Casa Branca descarta ofensiva terrestre. Guerrilheiro critica Washington

Rodrigo Craveiro
postado em 02/08/2016 06:00


Pela primeira vez, a aviação norte-americana atacou alvos do Estado Islâmico (EI) fora do Iraque e da Síria. ;A pedido do Governo de Acordo Nacional Líbio (GNA), os militares dos EUA conduziram ataques aéreos precisos contra alvos do EI em Sirte (norte, 450km a leste de Trípoli), para apoiar as forças associadas ao GNA que buscam derrotar o EI em seu reduto principal na Líbia;, afirma um comunicado do Pentágono, segundo o qual os bombardeios foram autorizados pelo presidente Barack Obama. ;Eles são consistentes com nossa abordagem de combate ao EI, ao trabalhar com forças locais capazes e motivadas;, acrescenta a nota. O Pentágono anunciou que a campanha aérea deve prosseguir ;para permitir que o GNA faça um avanço estratégico e decisivo;.

Presidente da organização revolucionária Ahrar Tarabulus (;Liberdade para Trípoli;) ; entidade que presta ajuda humanitária aos guerrilheiros de Sirte ;, Fouad Tekbali, 45 anos, fez críticas ao bombardeio dos Estados Unidos. ;Depois de 365 homens mortos e mais de 1,6 mil feridos, os ataques norte-americanos vieram tarde. Os combatentes líbios não têm equipamentos de proteção, e possuem munição suficiente apenas para 10 dias;, explicou ao Correio. Ele admite, no entanto, que não havia outra maneira se não aceitar a ajuda de Washington. ;O grande número de perdas e a falta de coletes à prova de bala, de munição e de capacetes não nos deram escolha. Ao menos 90% dos guerrilheiros são de Misrata e não receberam nenhum tipo de auxílio do governo. No trajeto de Derna até Sirte, ninguém atacou o comboio do EI. Os revolucionários se sentiram traídos;, lamenta.

De acordo com Tekbali, também combatente, os jihadistas se entrincheiraram numa área relativamente pequena de Sirte. ;Se os Estados Unidos concentrarem os bombardeios nessa região, a cidade estará libertada em cerca de 10 dias;, prevê. ;O principal problema, para os revolucionários, está no Centro de Conferência Ouagadougou, que não foi bombardeado. O Estado Islâmico capturou esse prédio, de onde saem os homens-bomba com os carros.;

Tekbali minimizou os efeitos do primeiro ataque aéreo a posições do EI em Sirte. ;Na luta contra os jihadistas, nada acontece muito quando envolve os norte-americanos. Somente hoje (ontem), os guerrilheiros contabilizaram 13 mortos e 25 feridos;, criticou. Desde a chegada dos terroristas, a cidade de 80 mil habitantes tem enfrentado dias de horror. ;Houve execuções públicas. Eles crucificaram pessoas e as deixaram penduradas na rua por vários dias;, disse o presidente da Ahrar Tarabulus.

Primeiro-ministro
Segundo Mohamed Eljarh, analista do think tank Atlantic Council, a ação norte-americana vinha sendo preparada havia algum tempo. ;Os Estados Unidos aguardavam o pedido formal do governo reconhecido internacionalmente. Ele veio do GNA, em Trípoli, duas semanas atrás. Os EUA e alguns países querem mostrar apoio ao governo do GNA na Líbia, depois de prometerem suporte por vários meses;, afirmou à reportagem. O especialista baseado em Trípoli espera que os ataques aéreos fiquem confinados a Sirte ; uma promessa feita ontem pelo premiê líbio, Fayez Al-Sarraj, durante pronunciamento em rede nacional de televisão. ;Os bombardeios vão parar tão longo atinjam alvos que representem ameaça às forças do GNA em Sirte e ajudem os guerrilheiros a avançarem pela cidade.;

;Os primeiros ataques americanos contra alvos precisos do Daesh (acrônimo em árabe do EI) foram realizados hoje (ontem), infligindo duras perdas (aos extremistas) em Sirte;, declarou Al-Farraj. O chefe de governo fez questão de descartar uma intervenção terreste na Líbia. ;Pedimos o apoio da comunidade internacional, nomeadamente dos Estados Unidos, mas gostaríamos de dizer que não haverá presença estranheira em solo líbio.; A Casa Branca assegurou que a ajuda dos EUA ;será limitada a ataques e a partilha de informação;.

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