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Kerry chega à Argentina para aprofundar relações bilaterais

O cargo de Obama é disputado entre a democrata Hillary Clinton e o republicano Donald Trump

Agência France-Presse
postado em 04/08/2016 14:58
O secretário de Estado americano, John Kerry, faz nesta quinta-feira uma visita de 24 horas à Argentina, com o objetivo de levar o diálogo entre Washington e Buenos Aires ao mais "alto nível" com o governo de Mauricio Macri, após anos de embates diplomáticos. "O governo de Macri está no caminho certo", disse Kerry nesta quinta-feira, em um discurso para 200 empresários da Câmara de Comércio dos Estados Unidos na Argentina (Amcham) em um hotel de Buenos Aires.

Kerry visita Buenos Aires quatro meses após a viagem à Argentina do presidente Barack Obama e de sua família. Naquela ocasião, Obama e o presidente Mauricio Macri demonstraram sintonia mútua. "Venho com o mesmo otimismo de Obama e estamos muito entusiasmados com as possibilidades da Argentina", enfatizou Kerry.

Mais tarde, Kerry será recebido pela chanceler argentina, Susana Malcorra, e depois pelo presidente Macri "para discutir assuntos de cooperação regionais e globais", indicou o Departamento de Estado através de um comunicado. O "lançamento do diálogo de alto nível", está destinado a "abordar os desafios globais prementes incluídos temas bilaterais, regionais, multilaterais e econômicos", acrescentou o comunicado de Washington.

Em Buenos Aires, o ministro da Economia argentino, Alfonso Prat-Gay, reconheceu na quinta-feira a correspondentes estrangeiros que "há uma sintonia bastante especial com a administração Obama". Antes de partir para o Brasil na sexta-feira, para assistir à abertura dos Jogos Olímpicos, Kerry prevê ajustar acordos pela luta contra o terrorismo e o narcotráfico com a chanceler Malcorra, segundo fontes diplomáticas em Buenos Aires.

Confiança na mudança

Sete meses depois de ter assumido a Presidência, Macri pôs fim - com um pagamento milionário - o longo conflito pela dívida com os fundos especulativos dos Estados Unidos. Do protecionismo à indústria nacional e subsídios sociais do projeto peronista de centro-esquerda dos Kirchner, a Argentina deu uma guinada ao livre mercado.

"Para nós, essa viagem é sinal de confiança na mudança que propusemos no governo em relação à administração anterior e à boa vontade para trabalhar conjuntamente em diversos assuntos", disse à AFP uma fonte da chancelaria argentina. "Washington tenta correr para concretizar acordos comerciais, de temas energéticos, mudanças climáticas e segurança, "aproveitando os últimos meses da administração do presidente Obama", disse à AFP Harold Trinkunas, diretor da Iniciativa para América Latina do Brookings Institute.

O cargo de Obama é disputado entre a democrata Hillary Clinton e o republicano Donald Trump. O resultado será conhecido em novembro. Uma preocupação do governo americano é que em caso de vitória de Trump se percam "todos os avanços" na promoção do livre comércio, opinou o analista."Os Estados Unidos gostariam de avançar em tudo", apontou Trinkunas. Mas considerados os laços com uma região sempre desconfiada de Washington e de seus vínculos com a Europa e a China, "é a Argentina que tem que pensar até que ponto e quanto quer avançar no mesmo ritmo", disse.

Preocupação com a Venezuela

Kerry afirmou ainda nesta quinta-feira que os Estados Unidos defendem o estabelecimento de um diálogo produtivo na Venezuela que contribua para a superação da crise política no país. "Estamos muito preocupados com Venezuela, pelo pouco desejo de estabelecer um diálogo robusto e produtivo e ouvir o pedido de seu povo. Pedimos que não atrasem o processo revocatório", disse Kerry.

"Queremos um diálogo, falamos muito tempo com Malcorra sobre esse assunto, queremos melhorar a situação. Os dois países estão comprometidos em facilitar a restauração da democracia e dos direitos da população", garantiu o secretário de Estado.

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