Agência France-Presse
postado em 05/08/2016 10:53
Nações Unidas, Estados Unidos - A corrida para substituir o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, se acelerará nesta sexta-feira (5/8) com a segunda rodada de votação, que pode trazer surpresas e terminar com as aspirações de alguns candidatos.O ex-primeiro-ministro português Antonio Guterres assumiu a liderança no mês passado na primeira votação informal para eleger o novo chefe da ONU, seguido de perto pelo ex-presidente esloveno Danilo Turk. No entanto, os diplomatas advertem que pode acontecer algo inesperado na corrida para suceder Ban, com 11 candidatos agora na disputa.
[SAIBAMAIS]"Penso que será um processo que levará tempo", disse o embaixador russo, Vitaly Churkin. "Isso não vai ser resolver nesta sexta-feira". Durante a reunião a portas fechadas, os 15 membros do Conselho de Segurança serão consultados sobre se "respaldam", "desencorajam" ou não têm "nenhuma opinião" sobre um candidato.
Guterres ficou no topo durante a primeira rodada, com 12 votos que "respaldam" e três que "não têm opinião", mas alguns diplomatas dizem que é incerto se ele poderá assegurar uma votação tão alta em uma segunda rodada. Os resultados não são anunciados, mas o presidente do Conselho comunica aos candidatos o nível de apoio que tiveram. Alguns candidatos dizem de forma privada que os resultados da segunda rodada de votações podem ser a chave da decisão desta disputa.
A ex-chanceler croata Vesna Pusic anunciou na quinta-feira que se retirava da corrida, depois de receber pouco apoio na primeira rodada. Em uma carta, Pusic informou ter tomado a decisão de deixar a disputa "depois que na primeira rodada de votação do Conselho de Segurança da ONU ficou claro que a seleção não foi na minha direção".
Partidária das políticas europeias, da igualdade de gênero e porta-voz dos direitos da comunidade LGBT, Pusic teve 11 votos de "desencorajamento", dois que a "respaldavam" e dois que "não tinham opinião".
Um chefe da ONU da Europa do Leste
Os membros do Conselho de Segurança têm diante de si o apelo para eleger a primeira mulher no cargo depois que oito homens o ocuparam, e ao mesmo tempo dar preferência a um candidato da Europa do Leste, a única região que até agora não foi representada no posto.
O embaixador russo disse que para seu país foi uma prioridade apoiar um postulante da Europa do Leste - de onde são provenientes sete dos 11 aspirantes ao cargo -, mas sabe que há "bons candidatos também de outras regiões". Entre outros candidatos está a chefe da Unesco, a búlgara Irina Bokova, que ficou em terceiro lugar, e a ex-primeira-ministra da Nova Zelândia Helen Clark, que lidera o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e ficou em sexto na votação.
Há duas mulheres latino-americanas na corrida: a chanceler argentina Susana Malcorra, que foi chefe de gabinete de Ban, e a costarriquenha Christiana Figueres, ex-secretária-executiva da Convenção Marco da ONU sobre as Mudanças Climáticas. O voto secreto se inclui em um novo processo, mais aberto e que pela primeira vez na história das Nações Unidas permitiu que os candidatos apareçam e sejam ouvidos para tentar alcançar o posto máximo antes da Assembleia Geral.
São esperadas mais rodadas de votação nas semanas seguintes antes que o Conselho de Segurança acorde a indicação, o que deve ocorrer em outubro. O novo secretário das Nações Unidas começará sua gestão de cinco anos em 1; de janeiro. A decisão final do Conselho, no qual seus cinco membros permanentes (Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e China) têm direito a veto e uma voz preponderante, deve ser ratificada pela Assembleia Geral da ONU.