Agência France-Presse
postado em 11/08/2016 08:28
Quito, Equador - A chancelaria equatoriana informou que "nas próximas semanas" será decidida a data para que as autoridades suecas interroguem o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, refugiado na embaixada de Quito em Londres, sobre acusações de estupro que ele nega. "Segundo a nota enviada pelo Ministério Público equatoriano, nas próximas semanas será decidida a data de realização do interrogatório na Embaixada do Equador no Reino Unido, em referência ao caso legal aberto na Suécia contra o cidadão Julian Assange", informou na quarta-feira em um comunicado.O criador do WikiLeaks, de 45 anos, permanece desde junho de 2012 na embaixada do Equador na capital britânica, quando pediu asilo a Quito para evitar ser extraditado à Suécia. O Ministério Público sueco quer interrogá-lo por um suposto estupro cometido em 2010, que ele nega. O suposto crime não expira até 2020. "O procurador solicitou permissão para realizar o interrogatório, então, é claro, será bom para a investigação se ele puder ser realizado", declarou à AFP Karin Rosander, porta-voz do Ministério Público sueco.
[SAIBAMAIS]Rosander informou que ainda não foi fixada nenhuma data e acrescentou que um procurador equatoriano estará a cargo do interrogatório, embora "a procuradora sueca Ingrid Isgren e um investigador da polícia participarão". Por sua vez, Assange, através de seus advogados, mostrou sua satisfação com a notícia. "A equipe de defesa de Assange dá as boas-vindas ao fato de estarem sendo dados os passos finalmente para tomar o depoimento do senhor Assange, algo que Assange solicitava à procuradoria sueca desde agosto de 2010", disseram seus advogados em um comunicado.
O australiano se recusa a retornar à Suécia por medo de ser extraditado aos Estados Unidos, onde é criticado pela publicação por parte do WikiLeaks em 2010 de 500.000 documentos classificados sobre Iraque e Afeganistão, assim como 250.000 comunicações diplomáticas, razão pela qual pode enfrentar uma longa pena de prisão ou ser condenado à morte.
"Por mais de quatro anos, o governo do Equador ofereceu cooperação para realizar o interrogatório de Julian Assange nas dependências da Embaixada equatoriana em Londres, entre outras ações de ordem jurídica e política para alcançar uma solução satisfatória para todas as partes, colocar fim às desnecessárias dilações do processo e garantir a tutela judicial efetiva", lembrou a chancelaria.
Em dezembro, Equador e Suécia alcançaram um acordo para que os procuradores interrogassem Assange na legação, mas a data nunca foi fechada. Em maio, as autoridades suecas decidiram manter uma ordem de detenção europeia contra Assange, declarando-se em desacordo com um painel da ONU que considerou que o fundador do WikiLeaks era vítima de uma "detenção arbitrária". O Reino Unido também rejeitou a decisão deste painel, que não tem caráter vinculante.