Agência France-Presse
postado em 12/08/2016 11:15
Washington, Estados Unidos - Donald Trump mais uma vez voltou atrás em uma de suas afirmações e disse que, ao falar que o presidente Barack Obama e Hillary Clinton fundaram o grupo Estado Islâmico, ele só estava sendo sarcástico. Como faz constantemente, o candidato presidencial republicano acusou os meios de comunicação de interpretar errado algo que ele disse.
Neste caso ele atacou a CNN, embora seus comentários sobre o grupo extremista e o presidente tenham sido divulgados por vários outros meios de comunicação. "Audiência desafiada @CNN noticiou tão seriamente que eu chamo o presidente Obama (e Hillary) de ;fundador; do ISIS & MVP (;Most Valuable Player;). ELES NÃO ENTENDEM SARCASMO?", escreveu Trump em um tuíte.
O candidato republicano fez estas acusações na quarta-feira, em um comício na Flórida, e as repetiu em entrevistas na quinta-feira. Ele parecia estar utilizando o argumento de que a retirada das tropas americanas do Iraque sob as ordens de Obama, com Clinton atuando como secretária de Estado, criou um vácuo que permitiu ao grupo Estado Islâmico surgir e se espalhar pelo Iraque e Síria.
[SAIBAMAIS]Mas Trump não explicou totalmente o que queria dizer. Ele também disse que considerava Hillary Clinton, sua rival democrata nas eleições presidenciais, a cofundadora do grupo Estado Islâmico. A equipe de Hillary respondeu na quinta-feira considerando a acusação bizarra. "Não, Barack Obama não é o fundador do ISIS", tuitou Hillary, referindo-se ao EI. A candidata também acusou Trump de "desprestigiar" Obama.
"Nunca se deveria permitir que qualquer pessoa que quisesse ir tão baixo, com tanta frequência, fosse nosso comandante-em-chefe", completou. Trump tende a permanecer firme em suas acusações. No entanto, na semana passada reconheceu um erro, o que é muito raro da parte dele. O candidato republicano admitiu no dia 5 de agosto que se equivocou a respeito das imagens de vídeo às quais fez referência ao afirmar que Washington pagou 400 milhões de dólares ao Irã a título de resgate.
Em um mea culpa pouco habitual, Trump disse que se equivocou a propósito das imagens que mencionou durante um comício dias antes em Daytona Beach, Flórida. O magnata havia citado imagens que mostravam "dinheiro sendo descarregado de um avião", o que, segundo ele, demonstrava que os 400 milhões de dólares em efetivo pagos pelos Estados Unidos eram um resgate para obter a libertação de cinco prisioneiros americanos.
O caso foi energicamente negado pelo Departamento de Estado e o presidente Barack Obama assegurou que o pagamento aconteceu em função de uma antiga disputa comercial, dentro do acordo internacional sobre o programa nuclear iraniano. A libertação dos cinco americanos em uma troca inédita de prisioneiros aconteceu simultaneamente ao traslado do dinheiro, mas não houve vínculo entre os dois casos, segundo as autoridades americanas.
Em um tuíte no da 5 de agosto, Trump reconheceu que "o avião que vi na televisão era o avião que levava os reféns a Genebra, na Suíça, não o avião que levava os 400 milhões de dólares em efetivo ao Irã". No último dia 9, Trump também sugeriu, em um comício, que "as pessoas da Segunda Emenda" - os donos de armas - poderiam impedir que Hillary Clinton de chegar à Presidência.
Não ficou claro a princípio o que Trump quis dizer com essas declarações, mas elas tiveram repercussão imediata na imprensa e nas redes sociais, que expressaram sua preocupação de que Trump estivesse defendendo, de brincadeira ou não, que Hillary ou os juízes pudessem ser baleados. Na mesma noite, na Fox News, o candidato rejeitou esta interpretação: "a segunda emenda é um movimento forte e poderoso."