Agência France-Presse
postado em 12/08/2016 12:55
Cabul, Afeganistão - O primeiro-ministro afegão criticou duramente seu aliado Ashraf Ghani, dizendo que ele "não está apto para presidir" o Afeganistão, o que ilustra as profundas divergências internas que ameaçam o governo de união nacional formado graças à mediação dos Estados Unidos.Abdullah Abdullah fez estas declarações pouco tempo antes da expiração do prazo para o cumprimento das cláusulas estipuladas no acordo de divisão de poder estabelecido após as eleições de 2014, afetadas por fraudes e nas quais os dois campos se autoproclamaram vencedores.
[SAIBAMAIS]Até setembro, o governo deve ter reformado o sistema eleitoral e emendado a Constituição para criar a função de primeiro-ministro para Abdullah. Os observadores estimam que há poucas chances de que o prazo seja respeitado. "As reformas eleitorais eram uma das promessas realizadas durante a formação do governo de união nacional. Porque não foram feitas?", disse Abdullah na noite de quinta-feira.
Também se queixou do fato de o presidente não ter se reunido com ele em três meses. "Você dedica o tempo a que?", perguntou. "Há divergências em todos os governos, mas se alguém não tiver paciência para debater, então não é apto para presidir", prosseguiu.
Abdullah também acusou Ghani de monopolizar o poder e de não consultá-lo sobre as nomeações chave. A presidência afegã lamentou estas declarações, dizendo que não se ajustam aos princípios de governança e disse que "haverá muito em breve negociações sérias e eficazes".