Agência France-Presse
postado em 13/08/2016 16:36
O grupo extremista Estado Islâmico (EI) libertou centenas de civis que havia tomado como escudos humanos durante a retirada de seu reduto estratégico de Manbij (norte da Síria), após a derrota para os combatentes árabe-curdos apoiados pelos Estados Unidos.No outro front do conflito, na província de Idleb (noroeste), controlada em grande parte pelos rebeldes, ao menos 22 civis, entre eles crianças, morreram em dezenas de bombardeios da aviação do regime e de seu aliado russo, informou o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).
Os últimos extremistas abandonaram na sexta-feira Manbij, uma cidade estratégica para o abastecimento do grupo extremista e situada entre a Turquia e os territórios sob seu controle na Síria.
Esta é a derrota mais importante do grupo para as las Forças Democráticas Sírias (FDS), uma coalizão de combatentes árabes e curdos apoiados pelos Estados Unidos.
Além da importância estratégica para o abastecimento dos extremistas, o governo dos Estados Unidos classificou Manbij de base logística para a saída dos combatentes do EI em direção à Europa, onde o grupo reivindicou vários atentados.
Expulsos de Manbij, que controlavam desde 2014, após uma batalha de mais de dois meses, os extremistas haviam sequestrado quase 2.000 civis como escudos, entre eles crianças.
"Entre os civis levados pelo EI estão moradores que foram utilizados como escudos, mas também muitos que decidiram sair voluntariamente da cidade por medo de represálias" das FDS, explicou Rami Abdel Rahman, diretor do OSDH.
"Centenas se encontram agora em liberdade", informou o OSDH, uma ONG com sede em Londres que dispõe de uma ampla rede de fontes na Síria.
- ;Não há jihadistas; -
Uma fonte das FDS afirmou à AFP que "parte dos civis conseguiu escapar na estrada que leva a Jarablos (reduto do EI ao norte de Manbij)", enquanto "outros foram libertados".
Não foi possível confirmar se todos os civis sequestrados foram liberados.
Quando seus rivais tentam tomar as cidades que controlam, os combatentes do EI utilizam os civis como escudos humanos: escondidos entre eles para evitar os bombardeios ou como reféns.
As FDS conseguiram controlar em 6 de agosto Manbij, mas alguns jihadistas resistiram durante uma semana. Neste sábado o OSDH e uma fonte das FDS confirmaram a saída de todos os combatentes do EI.
"Não há mais nenhum combatente do EI", disse a fonte das FDS.
"Não há mais jihadistas ou partidários do grupo. Todos foram embora", disse à AFP Abdel Rahman.
O canal Kurdistan24, com sede em Erbil (Iraque), exibiu imagens de civis na cidade, com mulheres de niqab agradecendo os combatentes curdos e outras, sorridentes, com bebês no colo.
Diante das câmeras, uma mulher queima um vestido preto imposto aos habitantes pelos jihadistas, enquanto os homens cortam a barba com tesouras. O EI proíbe aos homens aparar a barba nas áreas sob seu controle na Síria e Iraque.
"A batalha foi muito dura. E os jihadistas haviam minado a cidade", disse uma fonte curda à AFP.
"Um combatente das FDS entrou na sexta-feira em uma casa, onde um sapato estava sobre um exemplar do Alcorão. Quando o retirou, aconteceu uma explosão e o matou", relatou.
De acordo com o OSDH, desde o início da ofensiva, 437 civis morreram, incluindo 105 crianças em Manbij e sua região.
Entre os civis, 203 faleceram nos bombardeios da coalizão antijihadista liderada pelos Estados Unidos. No mesmo período, 299 membros das FDS morreram, assim como 1.019 extremistas.
As FDS são uma das principais forças de combate aos jihadistas na Síria, onde a guerra matou desde 2011 mais de 290.000 pessoas. Milhões de pessoas abandonaram suas casas.
O EI, responsável por atrocidades como sequestros, estupros e decapitações, mantém o controle sobre vastas regiões do norte sírio.