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Polícia de Nova York procura suspeito de assassinato de imã e assistente

Retrato falado mostra um homem com barba e bochechas afundadas, óculos finos e cabelo castanho curto

Agência France-Presse
postado em 14/08/2016 15:09

Nova York, Estados Unidos - A polícia de de Nova York tentava estabelecer no domingo os motivos que levaram um homem, atualmente foragido, a matar na véspera um imã e seu assistente com disparos na cabeça em uma rua da cidade, crimes denunciados pela comunidade muçulmana como islamofóbicos. A polícia divulgou no domingo um retrato falado do suspeito, que foi visto com uma arma nas mãos fugindo da cena do crime, no popular distrito de Queens.

O esboço mostra um homem com barba e bochechas afundadas, óculos finos e cabelo castanho curto. "Não há nada na investigação preliminar que determine que foram atacados devido às suas crenças religiosas", declarou o inspetor Henry Sautner à imprensa no sábado, insistindo em que as autoridades desconheciam até o momento as motivações do criminoso.

No entanto, vários manifestantes e representantes da comunidade muçulmana imediatamente denunciaram que se tratava de um ato antimuçulmano, em um clima de islamofobia alimentado principalmente pelo discurso violento do candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump.

No sábado, pouco antes das 14h locais (15h de Brasília), o imã Maulama Akonjee, de 55 anos, e seu assistente Thara Uddin, de 64, usando vestimentas tradicionais que permitiam que fossem identificados como muçulmanos, saíram da mesquita de Al Furqan Jame Masjid, no bairro de Ozone Park, no Queens, onde vive uma grande comunidade muçulmana, originária principalmente de Bangladesh.

Caminharam alguns metros antes de um homem se aproximar pelas costas, atirar nas suas cabeças e fugir do lugar, segundo a polícia, que obteve a informação de testemunhas e de câmeras de segurança. As vítimas foram levadas ao Jamaica Hospital, situado nas imediações, onde foi constatado o óbito do imã Maulama Akonjee, e onde Uddin morreu em consequência dos ferimentos.

Islamofobia ou acerto de contas?
O imã Akonjee havia deixado Bangladesh para radicar-se nos Estados Unidos há 10 anos, segundo meios de comunicação americanos. "Ele não faria mal a uma mosca", disse seu sobrinho, Rahi Majid, ao jornal New York Daily News. Embora as autoridades não privilegiem nenhuma pista, o gabinete do prefeito de Nova York informou que a polícia examinava o duplo homicídio "sob todos os ângulos". O clérigo levava 1.000 dólares no momento do ataque, que não foram roubados, destacou o jornal The New York Times, citando a polícia.

"Ainda não sabemos o motivo destas mortes, o que sabemos é que nossas comunidades muçulmanas estão constantemente na mira da intolerância", disse o prefeito de Nova York, Bill de Blasio, em um comunicado divulgado no domingo. "Em um momento em que os líderes religiosos são tomados como alvo, todos compartilhamos a dor daqueles que são afetados pessoalmente hoje", acrescentou.

Crime islamofóbico ou acerto de contas? Para a comunidade muçulmana americana, não há dúvidas. "É um crime motivado pelo ódio (...) aos muçulmanos, são islamofóbicos os que causam este tipo de problemas", disse Kobir Chowdhury, que dirige a mesquita de Masjid Al-Aman, no Brooklyn, perto do lugar do homicídio duplo. "É ódio dos muçulmanos, são islamofóbicos os que causam este tipo de problemas", afirmou.

"Quando se mantém o silêncio, se permite que estes crimes continuem", declarou, por sua vez, Afaf Nasher, diretora em Nova York da principal associação americana de direitos dos muçulmanos, o Conselho de Relações Americanas-Islâmicas. Centenas de pessoas, em sua maioria muçulmanos, se reuniram na tarde de sábado na cena do crime gritando "queremos justiça" e exibindo retratos do imã.



Horas depois, outro grupo de moradores do bairro, responsáveis religiosos e muçulmanos se reuniram diante de uma mesquita para compartilhar suas inquietudes em relação ao clima de hostilidade nos Estados Unidos, segundo o New York Times. Nos últimos anos, o país registrou cerca de 12 crimes islamofóbicos por mês, segundo um estudo de dezembro da Universidade do Estado da Califórnia baseado em estatísticas do FBI.

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